Em sua visita ao Brasil, em maio do ano passado, o empresário Elon Musk anunciou que proveria acesso à internet a 19 mil escolas brasileiras, por meio de sua empresa Starlink. Na época, a promessa era de que a tecnologia conectaria unidades de ensino de regiões mais afastadas na Amazônia e ainda seria um aliado no combate ao desmatamento.
Mais de ano após o anúncio, a realidade da conectividade da Amazônia é um pouco diferente. No estado do Amazonas, apenas três escolas recebem internet por meio do Starlink e no lugar de ajudar a monitorar as ilegalidades ambientais na região, a internet de Musk tem facilitado a conexão dos criminosos que estão em regiões remotas, como em áreas de garimpo.
Do campo de vista político, a parceria foi comemorada pelo Governador do Estado do Amazonas, Wilson Lima, que, à época, utilizou suas redes sociais para fazer um agradecimento a Musk:
Além de não abrir mão dos empregos gerados na ZFM, seguimos trabalhando para atrair novos investimentos. @elonmusk demonstrou interesse em trazer a SpaceX para cá e vamos trabalhar para consolidar esse negócio. Venham conhecer a Amazônia! A Amazônia está chamando vocês.
— Wilson Lima (@wilsonlimaAM) May 1, 2022
BAIXA CONECTIVIDADE DA STARLINK
A parceria com o Governo Brasileiro não avançou. De acordo com o Ministério das Comunicações, não houve assinatura de contrato e apenas três terminais foram instalados em escolas na Amazônia, por um período experimental de doze meses.
A Internet oferecida pela Starlink possui alta velocidade e consegue suportar instabilidades climáticas, como temporais, sem perder sua qualidade – sendo dessa forma uma alternativa para abastecer áreas remotas e afastadas da região.
De acordo com a Anatel, no Amazonas 40% das escolas não têm acesso à Internet.
Em nota, a Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar (Seduc) informou que as tratativas para o recebimento de internet com tecnologia cedida pela empresa Starlink foram feitas, à época, diretamente pelo Ministério das Comunicações, não havendo desembolso ou contrapartida do Estado para o projeto.
A secretaria informa, ainda, que as três escolas que faziam parte do projeto inicial e receberam os sistemas, continuam operando normalmente. Sendo elas:
- Escola Estadual Antonio Ferreira Guedes, Careiro da Várzea (ativação: 02/09/2022);
- Escola Estadual Nossa Senhora do Rosário, Manacapuru (ativação: 09/09/2022);
- Escola Estadual Januário Santana, Manacapuru (ativação: 09/09/2022).
Na época, as antenas foram doadas como um teste, mas até então não ocorreram novas instalações.
Quando visitou o estado do Amazonas, o até então ministro das Comunicações, Fábio Faria, disse que para instalação do gateway [a porta de entrada] da Starlink em Manaus foram investidos quase R$ 10 bilhões.
ENQUANTO NÃO OCORREM NOVAS INSTALAÇÕES…
Não há previsão para novas instalações da Starlink em escolas do Amazonas, em contrapartida, a Starlink permanece vendendo as antenas, sendo parte para garimpos ilegais na Amazônia. A velocidade da Internet tem sido uma ferramenta para os garimpeiros coordenarem suas operações.
Desde o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva houve o aumento no controle às violações ambientais, em especial à mineração ilegal na Terra Yanomami. Nas operações, também foram apreendidas antenas da empresa de Musk, que são um mecanismo utilizado para dificultar as ações contra o crime, afirmam fiscais ambientais.
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