terça-feira, junho 24, 2025
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    Água Branca: o respirar do último igarapé urbano limpo de Manaus

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    No Dia Mundial da Água, organizações clamam pela preservação do afluente

    O processo de urbanização de Manaus, intensificado desde o início do século XIX, e que perdura nos processos de expansão da capital em meio à floresta, ainda ecoa fortemente na manutenção da vida dos igarapés. Neste Dia Mundial da Água, a Gazeta da Amazônia apresenta o Igarapé Água Branca, um braço do Rio Tarumã, carrega a responsabilidade e a fortaleza de ser o único totalmente limpo em área urbana da capital do Amazonas.

    Em um processo cultural, social e de manutenção da infraestrutura, Manaus foi aos poucos dando adeus aos seus igarapés, seja aterrando ou transformando os braços do rio em espaços poluídos.

    O presidente da ONG Mata Viva, Jó Farah, é atuante nas ações de manutenção do igarapé Água Branca de forma independente, e falou sobre o que ainda caracteriza o igarapé como sendo plenamente limpo.

    “O igarapé Água Branca, além de ter uma água cheia de peixes, e até camarão tem dentro – o que é um bioindicador de qualidade de água pois ele não vive em águas poluídas – e a gente percebe a presença desses animais e também não tem cheiro nenhum, o igarapé é cercado de florestas ainda, desde a nascente até a fonte, então isso indica a qualidade dele e que ele é um igarapé preservado”, afirmou, em entrevista.

    O Igarapé Água Branca, segundo a ONG Mata Viva, jorra mais de quatro bilhões de litros de água todos os anos na Bacia Hidrográfica do Rio Tarumã-Açu, que deságua no Rio Negro. 

    A organização, formada pela sociedade civil, auxilia na limpeza dos resíduos que possam poluir as águas, e também promove ações de conscientização e eventos que promovam a manutenção e sobrevivência do último igarapé urbano da cidade de Manaus.

    POLÍTICAS PÚBLICAS

    Farah aponta, ainda, pouca preocupação do poder público com preservação da área.

    Manaus nunca cumpriu nenhuma meta com relação ao saneamento. A cidade tem que dar conta dos seus afluentes. E Manaus hoje é caótico. nós precisamos eh ter política de saneamento realmente eficiente dentro da cidade, preocupadas com a revitalização dos igarapés porque sem revitalizar igarapés não se pode falar em saneamento. Não adianta construir estação de esgoto sem revitalizar o Igarapé e retirar as construções que existem em cima deles. 

    Para o presidente da ONG, a educação ambiental vai além das campanhas de conscientização já existentes e promovidas pelo Poder público. É preciso mudar o hábito da população urbana, além de fornecer melhores condições de moradia e saneamento.

    “O poder público é o grande culpado de toda essa mazela de falta de educação ambiental. Por que as escolas, por exemplo, não têm na estrutura disciplinar a educação ambiental como base. Essa disciplina deveria ser ensinada desde os primeiros anos, para que a o adulto seja orientado desde a primeira infância”, diz.

    Atualmente, através da Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), a Prefeitura realiza limpezas esporádicas dos igarapés urbanos, retirando o excesso de lixo. 

    Além da limpeza dos igarapés, a Prefeitura de Manaus informou que vem adotando outras medidas para melhorar a qualidade de vida da população, como serviço de coleta agendada, Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), a instalação de lixeiras nas ruas e a realização de campanhas de conscientização sobre a importância da preservação do meio ambiente.

    Questionada pela Gazeta sobre o Igarapé Água Branca e as iniciativas para preservá-lo, a Semulsp não respondeu até a publicação desta matéria.

    FUTURO

    Para Farah, preservar os igarapés é transformar todos os dias em Dia da Água, fomentando a pauta, educando a população e cobrando do poder público atitudes que reverberam na construção de um maio ambiente seguro e limpo para as futuras gerações.

    “O nosso desejo é que a gente  comemore menos o Dia da Água e comemore mais os dias que nós não falamos sobre água. A gente precisa transformar o meio ambiente em uma pauta diária. O Igarapé Água Branca é um contraponto, enquanto todos falam da destruição, falta de saneamento, igarapés podres poluídos, a gente está falando aqui sobre o Igarapé-vivo, protegido e muito importante”” frisou.

    “Não podemos perder uma máquina perfeita como essa que não gasta energia, não custa nada ao poder público, que produz vida só porque a cidade quer crescer do mesmo jeito que sempre cresceu destruindo tudo e sem planejamento nenhum. Então nosso desejo é que o Dia da Água seja todo dia de agora em diante”, completou”, finalizou.

    Leia mais:
    Lixo toma conta de igarapé em Manaus quatro dias após limpeza
    Prefeitura realiza transbordo de 600 toneladas de lixo
    Prefeitura retira mais de 20 toneladas de lixo do igarapé do São Jorge

    Com informações da Gazeta da Amazônia*

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