Iniciativas que levam água potável a comunidades ribeirinhas no Amazonas sem acesso ao serviço foram exemplificadas na noite de quinta-feira (30) durante o Papo Sustentável, um encontro com debate que aconteceu na sede da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), em Manaus.
Líderes comunitários, presidentes de associações de moradores e parceiros como empresas e institutos estiveram presentes discutindo soluções e divulgando resultados das ações desenvolvidas para levar água a regiões remotas no Estado.
Uma dessas soluções foi o projeto Água+Acesso, que implementa estações de captação, tratamento e distribuição de água em comunidades ribeirinhas do Amazonas onde a FAS atua, por meio de uma parceria com o Instituto Coca-Cola, a Fundação Avina e o o WTT World Transforming Tecnologies.
As estações funcionam com energia solar e sustentável e em dois anos de projeto mais de 54 mil pessoas foram beneficiadas em oito estados brasileiros, incluindo o Amazonas. Uma delas foi a comunidade N. S. do Perpétuo Socorro, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, em Iranduba.
“A gente acha que pelo fato da Amazônia ter uma abundância de rios e igarapés, uma bacia hidrográfica grande, as populações são fartas de água limpa em casa. Mas não é bem assim. Muitas comunidades não têm acesso a água seja para tomar banho ou para fazer comida ou outras necessidades”, explicou Valcléia Solidade, superintendente de Desenvolvimento Sustentável da FAS e coordenadora do projeto Água+Acesso. “A implantação dessa iniciativa foi decisiva para diminuir os índices de doenças de veiculação hídrica nessas regiões”, ponderou.
Em dois anos do Água+Acesso, mais de R$ 8 milhões foram investidos em vários projetos no Brasil. De acordo com Gaston Kremer, do WTT, 50% dos projetos de água e saneamento na América Latina acabam fracassando após dois ou cinco anos de implantação.
“O Brasil tem muitos desafios a enfrentar para dar acesso a água às pessoas. Iniciativas inovadoras como essa do Água+Acesso aplicadas na Amazônia têm papel fundamental para mudar esse cenário. São exemplos do que deu certo e esperamos continuar contribuindo com tecnologias”.
Purificadores de água
Outra solução para levar água potável a localidades remotas no Amazonas expostas no Papo Sustentável foi a distribuição de mais de 1 milhão de sachês com pó purificador de água da P&G, uma tecnologia desenvolvida pela multinacional Procter & Gamble que já beneficiou milhares de populações carentes em todo o mundo.
Como é o caso das comunidades ribeirinhas situadas na Reserva Extrativista (Resex) do Rio Gregório, entre municípios de Ipixuna e Eirunepé e que fica a mais de 1 mil quilômetros de Manaus, ou seja, uma região remota.
“Hoje a gente tem água boa, quase mineral dentro de casa”, comemorou Deuziano Pinheiro, líder comunitário na Resex Rio Gregório, durante o Papo Sustentável.
Ele cita as comunidades da reserva que receberam recentemente 48 mil unidades do sachê P&G, o suficiente para purificar até 480 mil litros de água. Cada sachê é capaz de limpar dez litros de água em aproximadamente 30 minutos. “Dá para purificar muita água. Agora a população vai ficar assistida”, finalizou Deuziano.
XXII Encontro de Lideranças
O Papo Sustentável sobre água aconteceu durante o XXII Encontro de Lideranças do Bolsa Floresta, um evento promovido pela FAS com apoio do Fundo Amazônia/BNDES, Bradesco e Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), com objetivo de avaliar e aprimorar a aplicação do Programa Bolsa Floresta (PBF) – uma política pública implementada pela FAS que beneficia populações ribeirinhas em Unidades de Conservação (UC). O evento também é oportunidade para discutir desafios das comunidades e empoderar os líderes comunitários.