Ambiente social, emocional e até digital pode sabotar o emagrecimento mais do que o prato cheio, alerta endocrinologista
A obesidade segue em alta no Amazonas, e o que muitos não percebem é que o maior inimigo da balança pode não estar no prato, mas ao redor da mesa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 25,7% das mulheres e 21% dos homens no estado estão obesos — números acima da média nacional.
A estimativa global da OMS aponta que, até 2025, 2,3 bilhões de adultos estarão acima do peso, com 700 milhões convivendo com a obesidade.
A culpa não é só da comida
De acordo com a endocrinologista Milene Guirado, o ambiente em que vivemos — incluindo rotina familiar, círculo social e até o que consumimos no celular — influencia diretamente no sucesso (ou fracasso) de quem tenta emagrecer.
“Você pode estar num parque ideal para atividade física, mas se estiver cercado por pessoas que incentivam fast food e cerveja, dificilmente vai manter o foco”, explica a especialista.
Família, amigos e festas: armadilhas disfarçadas
Rodízios, aniversários, happy hours e aquela “fritura de domingo” em casa são comuns e socialmente aceitos, mas colocam a reeducação alimentar à prova o tempo todo.
“Sem o apoio das pessoas próximas, é muito difícil manter o foco. O parceiro que continua comprando doces e salgadinhos pode, sem querer, sabotar todo o processo”, destaca Milene.
Falta de planejamento é convite ao delivery
A pressa do dia a dia e a ausência de planejamento aumentam as chances de escolher o caminho mais fácil — e menos saudável.
“Chegou cansado e não tem nada pronto? O aplicativo de comida vira o plano A. E aí começa o ciclo de decisões impulsivas”, alerta.
Supermercados e restaurantes também são ambientes pensados para estimular o consumo exagerado.
“Na hora de pagar, aquele chocolate no caixa não está ali por acaso. É uma tentação calculada”, afirma.
O estresse também engorda — literalmente
Ambientes de trabalho tóxicos e o estresse diário liberam cortisol, hormônio que aumenta o apetite e favorece o acúmulo de gordura abdominal.
“Você chega em casa esgotado e encontra uma salada e um bolo. Vai de bolo. Isso não é fraqueza, é biologia”, explica a endocrinologista.
Como driblar as tentações? Ambiente é tudo
Segundo Milene Guirado, mudar a alimentação começa reorganizando o ambiente ao redor. Algumas dicas práticas incluem:
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Retirar alimentos ultraprocessados da despensa
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Deixar frutas cortadas e lanches saudáveis visíveis
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Comer algo leve e proteico antes de eventos sociais
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Planejar refeições com antecedência
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Criar uma rede de apoio que incentive bons hábitos
“O problema não é comer um pedaço de doce. O problema é comer como se fosse o último. Equilíbrio é o que realmente funciona”, reforça.
Festa junina sem peso na consciência? Dá, sim!
Para aproveitar as comidas típicas sem sair do foco, as recomendações são simples:
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Não vá em jejum
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Hidrate-se bem
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Coma uma refeição leve antes de sair
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Sirva-se com moderação
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No dia seguinte, volte à rotina sem culpa
“O corpo lida bem com um dia fora da rotina. O que não dá é fazer da exceção a regra”, conclui a médica.
*Com informações da LD Comunicação