O mercado de madeira tropical caiu nas últimas duas décadas, mas o produto teve aumento no consumo dentro da própria Amazônia. É o que mostra o estudo ‘Como o mercado dos produtos madeireiros da Amazônia evoluiu nas últimas duas décadas (1998-2018)?’, do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) apresentado nessa quinta-feira, 3, em evento virtual.
Os resultados do segundo estudo da série Timberflow, do Imaflora, revelam que em 1998 a Amazônia brasileira gerou 10,8 milhões de metros cúbicos de produtos de madeira nativa. Vinte anos depois, apenas 57% deste montante foi produzido, equivalente a 6,2 milhões de metros cúbicos. Apesar disso, em termos absolutos, o consumo de madeira tropical dentro da própria Amazônia aumentou de 1,5 milhão de metros cúbicos em 1998 para 2,2 milhões de metros cúbicos em 2018.
Destino dos produtos madeireiros
De acordo com a pesquisa, o aumento do consumo dentro da Amazônia se deve ao crescimento da classe média regional e de uma maior demanda por parte do setor de construção civil. Dos 6,2 milhões de metros cúbicos de produtos (chapas e lâminas, madeira serrada para a construção civil, e produtos acabados de madeira) produzidos em 2018 na Amazônia, pouco mais de um terço desta produção foi destinada ao consumo interno da região.
Em 2018, 5.025 municípios brasileiros receberam algum produto madeireiro produzido na Amazônia. Isso representa nada menos do que 90% dos 5.570 municípios existentes no país.
Considerando apenas os municípios fora da Amazônia Brasileira, São Paulo foi o principal consumidor com 127 mil m³, seguido por Curitiba (85 mil m³), Paranaguá (85 mil m3, provavelmente em grande parte destinados à exportação), Campo Grande (50 mil m³) e Rio de Janeiro (42 mil m³). Somados, os 20 principais municípios de maior consumo de madeira tropical adquiriram cerca de 12% do total de produtos madeireiros da Amazônia em 2018.
Em termos relativos, o estado de São Paulo continua sendo o principal comprador de madeira Amazônica, consumindo 20% da produção em 2018. A queda da produção madeireira na Amazônia ao longo dos últimos 20 anos em grande parte pode ser explicada pela diminuição do interesse nos principais mercados internos, especialmente o setor da construção civil no sudeste e sul do país.
Tais produtos foram substituídos ao longo das duas últimas décadas por madeira de reflorestamento e por outros materiais, como plásticos, aço, alumínio, entre outros. Essa tendência de substituição da madeira por outros produtos de baixo custo na indústria de construção civil já havia sido identificada em estudos anteriores, aponta a pesquisa.
Exportações
O volume de produtos madeireiros gerados na Amazônia que se destinou à exportação, segundo dados do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), foi da ordem de 9% entre 2012 e 2017.
Em 1998 as exportações representavam cerca de 14% da produção. Em 2018, segundo dados da plataforma Comex (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços), o Brasil exportou cerca de US$ 2,9 bilhões em produtos madeireiros, sendo a participação dos estados da Amazônia Brasileira de 15,7% deste montante (US$ 459,5 milhões).
Neste mesmo ano, o estado do Pará se colocou como o terceiro principal estado exportador de produtos de madeira (US$ 247,6 milhões), Mato Grosso como o quinto (US$ 118,5 milhões) e Rondônia como o sétimo (US$ 62 milhões).
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Com informações do Portal Amazonas Atual*