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    ‘Se demarcar mais resolvesse, eu defenderia’, diz Plínio sobre Terras Indígenas

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    O senador Plínio Valério (PSDB-AM) usou a tribuna na quarta-feira (10) para apoiar um pronunciamento de Jair Bolsonaro (PSL), sobre rever demarcações de terras indígenas no Brasil. Os políticos também concordam na exploração das riquezas da Amazônia, mas somente o presidente defende que isso seja feito em parceria exclusiva com os Estados Unidos.

    O discurso do senador teve como base uma entrevista dada por Bolsonaro a uma emissora de rádio. Segundo o presidente, há muitos laudos de demarcação suspeitos, com possível atuação de fazendeiros em parceria com a Fundação Nacional do índio (Funai). As suspeitas colocam em dúvida o trabalho da Instituição, também criticada por Plínio.

    “A Funai está aparelhada já faz muito tempo e as ONGs ganham dinheiro querendo tutelar o índio brasileiro. O índio brasileiro não precisa ser tutelado. O índio não quer tutor. O índio quer a liberdade de ter políticas públicas iguais a qualquer um outro”, disse o senador.

    Bolsonaro levantou demarcações com suposta influência de fazendeiros sobre a Funai; mapa mostra em verde escuro 36 territórios indígenas com propostas de contratos e projetos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação na Amazônia (Foto: Funai)

    Na entrevista, Bolsonaro afirmou que há uma “indústria da demarcação” de terras indígenas desde 1992 e que isso inviabiliza qualquer projeto para o desenvolvimento na Amazônia. Na tribuna do Senado, Plínio mostrou satisfação com a proposta de “exploração racional” das florestas.

    “Eu fiquei alegre com essa surpresa porque, eu disse aqui nesta tribunal, se demarcar terra indígena resolvesse o problema do índio, eu defenderia mais terra para os índios, mas não resolve. Manaus é a capital do mundo que mais abriga indígenas (…) que vem lá das reservas. Porque eles [Funai] demarcam a terra, isolam os índios e não deixam ninguém entrar, mas as políticas públicas não chegam lá”, criticou o senador, que também citou que ONGs “operam com desenvoltura suspeita, sobrepondo-se ao estado e assumindo controle de regiões inteiras de forma abusiva.”

    Assim que foi empossado, no dia 1º de janeiro, Bolsonaro transferiu para o Ministério da Agricultura a delicada questão da demarcação de terras indígenas e de vigilância florestal, provocando críticas de organizações indígenas e proteção ambiental.

    O governo também aprovou o uso de 121 agrotóxicos, elevando para 2.149 o total dos autorizados no mercado nacional brasileiro. A tendência preocupa especialistas devido ao impacto no meio ambiente e na saúde da população.

    Amazônia para Trump

    Bolsonaro e Trump apertam as mãos durante conferência nos Estados Unidos (Foto: REUTERS/Kevin Lamarque)

    Nem tudo na fala do presidente, entretanto, agradou a Plínio. Durante visita aos Estados Unidos, Bolsonaro disse que propôs a Donald Trump a abertura para exploração da região amazônica em parceria exclusiva com o país norte-americano.

    “O ingresso de capital estrangeiro é sempre bem vindo, não podemos porém propor a abertura de toda uma região brasileira em ‘parceria’. Temos no Brasil regras muito claras do papel do capital externo na nossa economia. Essas normas devem ser obedecidas e, quando tiver ares de incerteza, as lacunas só se preencherão de forma amplamente debatida, de forma democrática”, completou o senador, que recebeu apoio do colega de Casa Paulo Paim (PT-RS).

    Exploração ‘racional’

    Esse foi o termo usado por Bolsonaro e reforçado por Valério no Senado Federal. De acordo com ele, é injusto atribuir a responsabilidade da falta de desenvolvimento apenas à política ambiental e à preservação, mas é preciso reconhecer que os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) estão na Região Norte – em especial, no Amazonas.

    “Precisamos, portanto, dar à população os instrumentos para garantir a sua subsistência, pra crescer, para se realizar como ser humano, ter a dignidade de cidadão. Nós só conseguiremos esse feito quando combinarmos, na medida certa, preservação com desenvolvimento”, defendeu ele, ao citar potenciais recursos naturais da floresta e do subsolo amazônico para exploração.

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