Uma pesquisa coordenada e executada pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), intitulada “Enfrentamento e controle da obesidade no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)”, busca identificar e analisar as ações de manejo da obesidade nas Redes de Atenção à Saúde no SUS em municípios do Estado do Amazonas.
A obesidade é um grave problema de saúde pública e tem crescido de maneira significativa em todo o mundo nos últimos anos. No Brasil, a situação é preocupante. Responsável por uma gama de doenças relacionadas, o ganho de peso em excesso é muito mais que uma questão de estética.
De acordo com dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) de 2019 do Ministério da Saúde, só no Amazonas 6,1% das crianças menores de 5 anos estão obesas, e entre os adolescentes essa prevalência era de 6,4%. Manaus tem 23,4% da população adulta bem acima do peso, segundo pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas (Vigitel), sendo a capital com maior porcentagem de obesos no Brasil. De 2006 a 2019 houve um incremento de 4,5% ao ano.
Para este levantamento da Ufam, estão sendo coletadas informações sobre a estrutura dos serviços de saúde e do processo de trabalho das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB), e o resultado dos indicadores de vigilância alimentar e nutricional. O estudo será realizado em nove polos de saúde: Manaus, Parintins, Tabatinga, Itacoatiara, Manacapuru, Tefé, Humaitá, Lábrea e Carauari.
A pesquisa conta com a colaboração de pesquisadores de Universidades de Portugal (Universidade do Minho, e Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário), assim como de pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fiocruz do Brasil.
Segundo o coordenador da pesquisa, professor Bruno Mendes Tavares, “a obesidade é considerada uma síndrome com múltiplos fatores etiológicos: genético, endócrino, psicológico, nutricional, neuroquímico, imunológico, cultural e social. A prevalência de obesidade tem aumentado cada vez mais a cada ano não só no Estado do Amazonas, mas no Brasil e no mundo, tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento, nas diversas faixas etárias”, explica.
Os questionários da pesquisa serão respondidos por profissionais da saúde e gestores da saúde da Atenção Básica do SUS. “Para além das respostas repassadas pelos profissionais, também serão coletados dados de bases públicas (Ministério da Saúde, IBGE, IPEA), tais como: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), Taxa de Analfabetismo, Cobertura da Atenção Básica, Coeficiente de Gini, Estado Nutricional (Sisvan) – fases da vida, sexo, escolaridade e raça/cor, entre outros”, detalha o coordenador.
O estudo se encerra em fevereiro de 2022, mas a etapa atual de coleta de dados segue até o final de 2021, de maneira concomitante. “Espera-se como resultados a realização do diagnóstico da organização da gestão e da atenção nutricional dos municípios, dos indicadores sociais e de saúde, das condições de estrutura, processo e resultados dos NASF’s no que tange o combate e enfrentamento da obesidade, e das ações e programas de alimentação e nutrição, e de enfrentamento e controle da obesidade nos municípios. Os resultados obtidos poderão melhorar e fortalecer as ações de manejo da obesidade pelos gestores e profissionais de saúde, nas redes de atenção à saúde, nos municípios do Amazonas”, ressalta Bruno.
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Por Cíntia Ferreira, do Portal Projeta
*Com informações da UFAM