Um estudo do Centro de Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) mostra que o interior do Estado segue uma tendência mais acelerada de contaminação e mortes pela Covid-19 do que a capital. A projeção é que em, aproximadamente, 12 dias desde a publicação da pesquisa, na sexta-feira (8), o total de casos e mortes registradas no interior supere o de Manaus, como explica o professor Henrique dos Santos Pereira, coordenador do projeto Atlas ODS Amazonas da Ufam.
O número de casos confirmados do novo coronavírus chegou a mais de 10,7 mil, segundo o último boletim de atualização de casos publicado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), divulgado na sexta-feira. Em Manaus, já são mais de 6 mil casos de Covid-19, enquanto o interior tem mais de 4 mil infectados. São quase 90% dos municípios do Estado que registram casos da doença.
O coordenador do projeto explicou que o estudo levou em consideração que o avanço da pandemia do novo coronavírus e as medidas de isolamento tomadas fizeram com que os municípios apresentassem um comportamento individual de cada população em relação a maneira que a contaminação age. Para isso, cada município foi analisado separadamente durante o projeto.
“Nós fizemos uma grande comparação que foi olhar a curva de novos casos acumulados em Manaus, a curva de cada município [Tabela A] e, na outra análise [Tabela B], nós agrupamos os dados do interior, com o intuito de verificar os casos da projeção de pessoas que adoecem e precisaram vir para Manaus, para o tratamento”, segundo Pereira.
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Número de casos notificados de Manaus foi comparado com casos do interior do Amazonas. — Foto: Reprodução/ODS Atlas Amazonas
Conforme o professor, as análises foram feitas em curvas em escalas logarítmicas com os casos de Manaus comparados com os do interior, assim como o de mortes registradas. “Ambas as curvas, casos e óbitos, apontam que a velocidade de aumento do número de casos e mortes no interior seguia um ritmo mais acelerado do que o da capital”, afirmou o professor.
Para a análise, os pesquisadores olharam o formato de inclinação da curva de casos e mortes, mas também calcularam, dia a dia, o chamado “tempo de duplicação”. Segundo Pereira, em um determinado dia, os pesquisadores verificaram para os dias seguintes, quantos dias se passaram até que os dados tivessem dobrado.
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Curva de mortes no interior também apresenta crescimento e pode ultrapassar dados de Manaus, segundo pesquisador. — Foto: Reprodução/ODS Atlas Amazonas
“Essa velocidade mostrava que, na capital, a duplicação tomava o dobro de tempo. Isso nos permite projetar essas curvas para um futuro próximo. Nossos cálculos apontam que, em aproximadamente 12 dias, o total de casos e mortes no interior poderá ter alcançado cifras que superará os casos e mortes em Manaus”, afirmou Pereira.
Ainda conforme o coordenador da pesquisa, o resultado é preocupante, pois a estrutura de atendimento de saúde de casos graves de novo coronavírus no interior é inexistente, segundo ele. Isso, para o pesquisador, pode gerar uma pressão maior à saúde do estado.
Isolamento social no AM
As medidas de isolamento social continuam sendo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), como a principal forma de prevenção à Covid-19. No primeiro mês de quarentena no Amazonas, de acordo com um levantamento da empresa InLoco, apenas 52,2% da população respeitou a recomendação de isolamento social como prevenção ao novo coronavírus.
Um decreto do Governo do Amazonas manteve suspenso, até o dia 13 de maio, o atendimento público em serviços não essenciais. O governador Wilson Lima declarou que, se os casos não diminuírem até a data, há possibilidade de todo o comércio ser fechado.
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