O presidente Jair Bolsonaro indicou que o ministro da Educação, Ricardo Vélez, deve deixar o comando da pasta na próxima segunda-feira (8).
“Está bastante claro que não está dando certo. Ele é bacana e honesto, mas está faltando gestão, que é coisa importantíssima”, disse o presidente em um café da manhã, nesta sexta (5), com jornalistas no Palácio do Planalto.
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De acordo com Bolsonaro, na segunda-feira, “tira a aliança da mão direita e põe na esquerda ou põe na gaveta. Vamos supor que seja a saída dele (Vélez)”. O presidente indicou ainda que não descarta reaproveitar o ministro em outra área do governo.
“Até segunda, vai ser resolvido, ninguém mais vai reclamar. Vélez é boa pessoa. Quem vai decidir sou eu. Segunda é o dia do fico ou não fico”, disse o presidente.
‘Não vou entregar cargo’
Em evento do fórum empresarial Lide nesta sexta (5), em Campos do Jordão, o ministro voltou a dizer que não entregará o cargo. Ele evitou responder perguntas sobre uma eventual saída do ministério. Afirmou apenas que Bolsonaro não conversou com ele a respeito.
“Pretendo participar do fórum e não vou entregar o cargo”, respondeu.
Desgastes
A afirmação do presidente ocorre após acúmulos de desgastes causados pela gestão do ministro. O último ocorreu quando ele defendeu que livros escolares precisam ensinar que 1964 não registrou um golpe.
A afirmação irritou a cúpula militar, que acredita que a narrativa histórica do golpe é apenas uma tentativa dele para manter-se no cargo. Para eles, trazer o assunto à tona em plena semana seguinte ao 31 de março é um desgaste desnecessário.
No entanto, a insatisfação por parte dos militares é apenas um entre os problemas enfrentados por Vélez em sua turbulenta passagem pelo ministério.
‘Dança das cadeiras’ no MEC
Desde o início de março a pasta vive um turbilhão envolvendo exonerações e mudanças que já atingiu ao menos 20 cargos. Sem experiência em gestão e com poucas conexões com o debate educacional, Vélez montou sua equipe a partir da indicação de vários grupos — o que resultou em um mosaico de interesses e disputas.
A dança de cadeiras no MEC começou em 8 de março. Ao tentar dar agilidade às ações do MEC, o movimento atingiu discípulos do escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo e responsável pela indicação de Vélez ao cargo.
A onda de demissões causada por uma disputa de poder entre grupos dentro do ministério não saiu de graça para os cofres públicos. Além de comprometer o funcionamento da pasta, as exonerações já custaram R$ 171 mil só em ajudas de custos.
*Informações da Folha de São Paulo