Candidato à reeleição, presidente da República foi o primeiro a ser entrevistado no Jornal Nacional. Ciro Gomes vai nesta terça
Ao abrir nesta segunda-feira (22), a série de entrevista do Jornal Nacional, da TV Globo, o presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca à reeleição, fez uma acusação mentirosa e leviana com relação ao desmatamento na Amazônia.
Sem conhecimento de causa, acusou os ribeirinhos – que moram às margens dos rios amazônicos e no interior da floresta – de serem os responsáveis pelas queimadas na Amazônia.
Questionado pelos entrevistadores do JN sobre os índices de desmatamento, que aumentaram nos últimos anos, Bolsonaro respondeu:
“Quando se fala em Amazônia, o que não se fala também é na França que há mais de 30 dias está pegando fogo, a mesma coisa está pegando fogo na Espanha e Portugal, Califórnia pega fogo todo ano. No Brasil, infelizmente não é diferente, acontece, grande parte disso aí, alguma parte disso aí é criminoso, eu sei disso, outra parte não é criminoso é o ribeirinho que toca fogo ali na sua propriedade”.
Ao comparar, equivocadamente, a Amazônia ao tamanho da Europa Ocidental, o presidente da República atribuiu a dimensão geográfica da região às dificuldades de fiscalização.
“Olha só, a Amazônia é do tamanho da Europa Ocidental (323.895 km²). Ali na Amazônia (6.700.000 km²) cabe uma Alemanha, cabe uma França, cabe uma Itália, cabe Portugal, cabe um montão de países. Você pensa que fiscalizar, evitar de pegar fogo, [é fácil] assim? ‘Vamos lá”, disse Bolsonaro.
População amazônica
Bolsonaro também foi abordado com o dado levantado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, que revelou que a área da desmatada na Amazônia Legal, no primeiro semestre de 2022, representou a maior dos últimos 15 anos.
Bolsonaro, todavia, citou os habitantes da Amazônia e que essa era a ‘primeira preocupação’.
“Olha, você tem que pensar que na Amazônia você tem quase 30 milhões de habitantes lá, tem 30 milhões de brasileiros na Amazônia, primeira preocupação é essa.
Outra [preocupação], qualquer propriedade lá tem que preservar 80% e pode usufruir de 20%. Eu tentei nos primeiros dois anos de mandato fazer a regularização fundiária, para saber, por exemplo, qualquer lugar desmatado ou com foco de calor de quem é o CPF daquela propriedade. O presidente da Câmara [Arthur Lira, seu aliado] não colaborou para botar essa propriedade adiante”, afirmou Bolsonaro.
Culpa do Ibama
O presidente também foi indagado sobre desautorizar a destruição de equipamentos por órgãos fiscalizadores
“Primeira coisa. A destruição, como está em lei, é se você não puder retirar o equipamento daquele local. O que vinha acontecendo, e ainda vem, infelizmente, é que o material pode ser retirado do local, porque se chegou lá, pode ser retirado. E há o abuso de uma parte.”
Questionado sobre de qual parte seria o abuso, Bolsonaro respondeu: “Por parte do Ibama, sim, por parte do Ibama.”
Próximos entrevistados
Bolsonaro abriu a série de entrevistas do Jornal Nacional com os presidenciáveis. Ciro Gomes (PDT) participará nesta terça-feira (23); Lula (PT) na quinta-feira (25); e Simone Tebet (MDB) na sexta-feira (26).
Esses são os candidatos mais bem colocados na pesquisa divulgada pelo Datafolha em 28 de julho. Um sorteio realizado em 1º de agosto com representantes dos partidos definiu as datas e a ordem das entrevistas.
Leia mais:
Pesquisa: avanço de Bolsonaro x vantagem de Lula
Bolsonaro é provocado e se envolve em confusão
51% dos jovens votam em Lula no primeiro turno; 67% rejeitam Bolsonaro
