O Fundo Amazônia aprovou cerca de R$ 2 bilhões em projetos em 2025, o maior volume anual desde sua criação, ampliando significativamente sua escala de atuação. Os recursos foram direcionados à restauração de áreas degradadas, ao apoio a atividades produtivas sustentáveis em toda a Amazônia Legal e à expansão das ações de combate e prevenção a incêndios florestais, que passaram a alcançar também os biomas Cerrado e Pantanal.
Os resultados de 2025 se somam ao desempenho registrado entre 2023 e 2025, período em que o Fundo aprovou e contratou R$ 3,7 bilhões em projetos, o equivalente a 56% de todo o volume apoiado desde 2008. O montante consolida a retomada operacional e o aumento da capacidade de execução do Fundo, após a reativação do apoio a novos projetos em 2023.
Contribuição para metas climáticas e políticas ambientais
A ampliação do Fundo Amazônia contribui diretamente para o cumprimento das metas climáticas brasileiras no âmbito do Acordo de Paris e para os objetivos do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).
Os dados foram apresentados durante a Reunião Anual de Doadores do Fundo Amazônia, realizada nesta quarta-feira (17/12), na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro. O encontro reuniu representantes dos países apoiadores para a prestação de contas sobre a execução dos projetos financiados.
Gerido pelo BNDES e coordenado pelo MMA, o Fundo Amazônia é considerado a maior iniciativa mundial de redução de emissões por desmatamento e degradação florestal (REDD+), além de ser um dos principais instrumentos da política ambiental e climática brasileira.
Redução do desmatamento e fortalecimento das comunidades locais
Segundo a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, os resultados refletem a retomada da política ambiental no país. Ela destacou que, em 2025, houve uma redução superior a 50% do desmatamento na Amazônia em comparação com 2022, o que viabiliza a captação de novos recursos internacionais.
De acordo com a ministra, os recursos do Fundo são direcionados principalmente a populações indígenas, comunidades tradicionais e locais, além de fortalecer iniciativas de ciência, tecnologia e inovação no bioma amazônico. “O mecanismo atinge o objetivo para o qual foi criado: promover o desenvolvimento sustentável da região”, afirmou.
Ampliação da base de doadores internacionais
Desde a retomada dos financiamentos em 2023, o número de doadores internacionais aumentou de dois para nove países, incluindo Noruega, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido, Suíça, Japão, Dinamarca, Irlanda e União Europeia.
No período, foram firmados US$ 309 milhões em novos contratos de doação, sendo US$ 212 milhões já internalizados, além de novos compromissos financeiros em negociação.
Fundo Amazônia fortalece combate a incêndios florestais
Os projetos aprovados em 2025 também ampliaram a capacidade de resposta aos incêndios florestais e queimadas. Os recursos financiaram a estruturação de 30 bases operacionais, a capacitação de cerca de 5 mil profissionais e a distribuição de 500 veículos e 30 mil equipamentos.
As ações reforçam brigadas estaduais e os Corpos de Bombeiros nos nove estados da Amazônia Legal e em estados com biomas Cerrado e Pantanal, como Minas Gerais, Goiás, Piauí, Bahia, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal, fortalecendo a política de Manejo Integrado do Fogo.
Investimentos em restauração e atividades sustentáveis
Na agenda de restauração ambiental, o programa Restaura Amazônia recebeu R$ 450 milhões, com 45 projetos selecionados, abrangendo 26 Terras Indígenas, 80 assentamentos e oito Unidades de Conservação. A iniciativa consolida o chamado Arco da Restauração como política pública estruturante.
O Fundo Amazônia também destinou R$ 595 milhões a atividades produtivas sustentáveis, beneficiando mais de 20 mil famílias e fortalecendo mais de 60 organizações locais, com destaque para projetos voltados à agenda indígena.
Retomada operacional e fortalecimento institucional
Os resultados recentes reforçam a ampliação da capacidade operacional do Fundo. Entre 2009 e 2018, foram aprovados R$ 2,9 bilhões em projetos ao longo de dez anos, enquanto entre 2023 e 2025 o volume alcançou R$ 3,7 bilhões em apenas três anos, considerando valores atualizados pela inflação.
Ao longo de 17 anos, o Fundo Amazônia aprovou mais de 140 projetos, apoiou 650 instituições, alcançou mais de 75% dos municípios da Amazônia Legal e beneficiou mais de 260 mil pessoas.
Para sustentar esse crescimento, a estrutura organizacional foi reforçada, ampliando a capacidade técnica de análise, acompanhamento e execução. O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou que o desempenho confirma o Fundo como política pública estruturante, capaz de aliar governança, escala de financiamento e resultados concretos no território.
Resultados no combate ao desmatamento e aos incêndios
O secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, ressaltou que a cooperação internacional tem potencializado os compromissos assumidos pelo Brasil. Entre os resultados, destacou-se a redução de 39,5% na média nacional de incêndios, na comparação entre 2017 e 2024, com quedas de 75,8% na Amazônia e 93,3% no Pantanal.
Capobianco também citou o programa União com os Municípios, que já conta com a adesão de 70 dos 81 municípios prioritários no combate ao desmatamento e aos incêndios florestais, além do fortalecimento de órgãos como o Ibama, que recebeu mais de 800 novos servidores por meio de concursos públicos.
Fundo preparado para operar em escala
Para o superintendente da Área de Meio Ambiente do BNDES, Nabil Kadri, os resultados demonstram que o Fundo Amazônia está preparado para operar em grande escala, com carteira diversificada e capacidade técnica para acompanhar a execução dos projetos.
Criado em 2008, o Fundo Amazônia tem como objetivo apoiar projetos de conservação e uso sustentável das florestas na Amazônia Legal, que engloba os nove estados da região. O MMA preside o Comitê Orientador do Fundo, enquanto o BNDES é responsável pela captação, gestão, contratação e monitoramento dos recursos.


