Segundo Secretaria de Saúde do Estado, duas mulheres foram submetidas ao tratamento de nebulização com hidroxicloroquina no Amazonas, por uma médica que teria vindo de São Paulo. Segundo apurou o G1, ela teria trabalhado por cinco dias e recebido o equivalente a dois meses de trabalho.
Nesta semana, uma paciente veio a óbito após ser submetida ao tratamento em Manaus. A prática é considerada ineficaz pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Há ainda uma investigação feita pela Polícia Civil de uma denúncia do Comitê de Violência Obstétrica do Amazonas e da ONG Humaniza de que pelo menos três mulheres grávidas morreram após a nebulização com hidroxicloroquina.
Segundo o portal de transparência do Estado, a mulher atuou por apenas cinco dias no Instituto da Mulher Dona Lindu (IMDL), mas recebeu o equivalente a dois meses trabalhados. A Secretaria de Saúde (SES) abriu uma sindicância e determinou o afastamento da médica que realizou o tratamento.
O que se sabe sobre a paciente que morreu?
A paciente deu entrada no Instituto da Mulher no dia 31 de janeiro. Ela estava grávida. O bebê nasceu quatro dias após a internação, de parto cesariano, com 3.070 kg. Já o procedimento de nebulização foi realizado seis dias após o nascimento da criança e a mulher faleceu 21 dias após ter sido submetida ao tratamento.
Como a médica foi contratada?
A médica e o marido foram integrados no dia 3 de fevereiro, após contratação em regime temporário pelo Governo do Amazonas, junto com outros 2,3 mil profissionais de saúde, via banco de recursos humanos disponibilizados ao Estado pelo Ministério da Saúde, para atuarem durante a pandemia em hospitais da rede estadual.
Quanto tempo a médica trabalhou na maternidade?
A médica trabalhou apenas cinco dias no Instituto da Mulher Dona Lindu (IMDL), segundo informações da Secretaria de Saúde do Amazonas.
Quanto ela recebeu?
De acordo com o portal da transparência do Governo, ela exerceu o cargo de “médico intensivista temporário”, tendo recebido em valores líquidos mais de R$ 11,8 mil em fevereiro e R$ 12,7 mil líquidos em março.
Como o caso veio à tona?
A própria médica filmou o momento em que uma das pacientes é submetida ao tratamento com hidroxicloroquina, para mostrar aos familiares. No entanto, com a morte da mulher, um parente denunciou o caso nas redes sociais.
A médica foi afastada ou pediu exoneração do cargo?
Em nota, a Secretaria informou que “a maternidade pediu o afastamento da médica por determinação da própria SES”. Questionada sobre o motivo para o pedido o afastamento da profissional, o órgão informou que: “O motivo do pedido de afastamento foi a profissional ter realizado um procedimento que não faz parte do protocolo da rede de saúde, já que não tem comprovação científica”.
A médica vai devolver os valores recebidos indevidamente?
A SES informou que está solicitando o ressarcimento pelos valores pagos indevidamente à médica. No entanto, não deixou claro como ela fará esse repasse ao Estado.
Por que o procedimento é considerado ineficaz?
Em março deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou uma diretriz na qual pede fortemente que a hidroxicloroquina não seja usada como tratamento preventivo da Covid-19. O documento foi divulgado na revista científica “The BMJ”. A recomendação é feita por um painel de especialistas internacionais do Grupo de Desenvolvimento de Diretrizes da OMS (GDG).
Desde julho do ano passado, a organização informa que não tem encontrado benefícios no uso do antimalárico contra o coronavírus. Desta vez, a conclusão passa a ser uma orientação concreta e oficial para os países e profissionais de saúde.
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Por Cíntia Ferreira, do Portal Projeta
*Com informações do G1/Amazonas