Quarentenas Amazônicas: este é o título de um e-book lançado por docentes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Renan Albuquerque e Gerson André Ferreira. A publicação está disponível desde a última terça-feira, pelas editoras Edua e Alexa Cultural.
O e-book Quarentenas Amazônicas aborda o isolamento e a invisibilidade em meio à pandemia na Amazônia. O livro traz textos representativos de análises compiladas de 13 de abril a 02 de maio e é uma realização do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ambientes Amazônicos (Nepam).
Segundo o professor Renan Albuquerque, um dos organizadores da obra, com a velocidade de espalhamento do coronavírus no estado, foi meta considerar quantitativos numéricos de forma implicada, apesar de se saber da extrema importância deles e do quanto a curva de disseminação da doença na Amazônia e no Brasil é preocupante.
“Hoje a Amazônia vive uma crise humanitária que não vivia desde a Revolta dos Cabanos, entre 1835 e 1840, em que morreram mais de 40 mil pessoas. Atualmente, estamos com uma perspectiva para a região de 5 mil óbitos declarados em dois meses, sem falar das subnotificações, o que significa que podemos ter de 8 a 12 vezes mais mortes. Por isso, percebemos a dimensão do problema e a necessidade de refletir sobre os diferentes tipos de quarentena adotados na Amazônia. Essa é uma crise humanitária, sanitária, de informação e de responsabilidade governamental em um território de dimensão continental”, explicou.
O professor destacou, também, que este é um dos períodos históricos mais importantes dos últimos cem anos em termos de sociedade. ”Seria um déficit não contribuir para a construção de conhecimentos acerca dos impactos da Covid-19 sobre os povos que integram o bioma tropical. É certo que as pesquisas de campo e as ações de coleta de dados, que possibilitaram a descrição das dimensões humanas e sociais do SARS-coV-2 entre as sociedades regionais, possuem elementos dinâmicos e tendem a interagir e mudar de maneira rápida”, comentou.
Temas abordados
O primeiro texto da publicação, intitulado “Indígenas e quilombolas em lockdown territorial para mitigar avanço do SARS-coV-2”. Em “As lutas de Domitila e Telma em um encontro imaginário”, é abordada a constante do imaginário e recupera-se o tempo de duas narrativas isoladas em si mesmas, separadas por um hiato de 18 anos. É destaque o relato de resiliência das mulheres pan-amazônicas e das lutas por elas travadas, no passado e no presente. Por fim, o texto “Pessoas em situação de rua no epicentro amazônico da Covid-19 ou O que diria Foucault sobre os invisíveis da pandemia?” trata das pessoas em situação de rua (PSR) na Amazônia brasileira, como um todo.
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Por Cíntia Ferreira, do Portal Projeta
*Com informações da Ascom/Ufam