O prefeito David Almeida pretende entrar com uma representação na Corregedoria do MP-AM (Ministério Público do Amazonas) por abuso de autoridade e afirmou que o órgão passou dos limites com o pedido de prisão. O prefeito disse que precisa defender a si e também seus nomeados.
“O pedido do Ministério Público extrapolou nas suas prerrogativas. Primeira vez que eu vejo alguém contratar médicos para salvar vidas e ser acusado de peculato. Vou representar sim, tenho que me defender, defender os funcionários e aquilo que não estiver nos conformes, que seja apurado. Eu vou até a corregedoria do próprio MP para que sejam apuradas as condutas, porque da forma que está parece que eu ia cometer crimes”, disse o prefeito, no início da tarde desta quinta-feira, 28.
David Almeida nomeou dez jovens médicos, oito deles foram vacinados furando a fila da imunização. O prefeito justifica que as nomeações aconteceram para acelerar o processo, levando em conta a necessidade nas unidades de saúde. Ele e os dez médicos estão sendo acusados de peculato.
“Você imaginou ser processado porque está salvando vidas? Os médicos estão trabalhando, cuidando da população. Estão querendo me prender porque estou tentando salvar vidas. Estamos em um momento de pandemia, um momento de guerra. E eu precisava de uma atitude forte, rápida para abrir as UBSs, e assim eu fiz e não me arrependo. São pessoas que estão trabalhando, estão à disposição da secretaria para atender e salvar vidas no combate à Covid-19”, disse Almeida.
Um dos questionamentos que o prefeito enfrenta sobre as nomeações é de que alguns foram nomeados um ou dois dias antes do início da vacinação, como é o caso das irmãs Lins. Gabrielle Lins foi nomeada um dia antes e Isabelle Lins no mesmo dia do início. As informações são do Diário Oficial do município.
Sobre isso, o prefeito afirma que na verdade os médicos foram nomeados no dia 9 de janeiro, mas as nomeações só foram divulgadas no Diário Oficial depois. O MP alega que todos os nomeados tem relações de amizade, ou familiar.
“Os médicos que têm idade mais avançada não estão na frente do combate em função de pertencerem ao grupo de risco. Quem vem atuando são exatamente esses médicos jovens, que estão atendendo à população. Eles começaram a trabalhar desde o dia da inauguração da extensão da UBS. Só que as nomeações começaram a sair a partir do dia 18 de janeiro. Isso é normal. É um ato administrativo”, explicou Almeida.
A Semsa (secretaria Municipal de Saúde) tem 1.346 servidores afastados, sendo 143 médicos. Os dez médicos foram nomeados para trabalharem na unidade de extensão da UBS Nilton Lins. O prefeito alega que uma contratação nos parâmetros normais levaria de 30 a 60 dias para acontecer.
“Todos os serviços de responsabilidade da prefeitura estão funcionando. Estamos trabalhando para salvar vidas. Enquanto isso tem mais de 600 pessoas esperando por uma vaga em um hospital. Eu não vejo uma manifestação pedindo prisão de ninguém. Pessoas que já morreram por falta de oxigênio, pessoas que no ano passado desviaram recursos da pandemia. Tudo isso, e o comportamento do MP foi totalmente diferente”, disse o prefeito.
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