Manaus (AM)
Marcel Valin – Portal Projeta
Em todo o Brasil, as eleições de 2018 proporcionaram enormes surpresas nas urnas. Nomes consagrados da política tangenciaram com o fracasso no pleito; outros não tiveram a mesma sorte. Mas o que explica essa reviravolta na feição dos eleitos?
Uma análise quantitativa e qualitativa talvez nos ajude a entender esse fenômeno.
Em meados de 2006, com o escândalo do mensalão, vivenciamos uma das maiores crises políticas do nosso país. Políticos de praticamente todos os partidos estavam envolvidos
Mas o que isso tem a ver com as eleições deste ano?
Pois bem. A partir daquele momento, criou-se no imaginário popular (vale o adendo para a manipulação midiática, mas esse assunto vale a discussão numa outra oportunidade) uma ideia que os grandes problemas do país estavam concentrados num único partido; de esquerda. E isso foi se solidificando ao passar dos anos.
Ao longo dos 13 anos de poder desse partido, poucas evidências mostraram que realmente tínhamos um governo de extrema esquerda. No entanto, menções como: vamos virar uma Venezuela, kit gay e tantas outras, foram difundidas de tal forma, que a ideologia de esquerda passou a ser vista como absurda. “Precisamos do livre comércio”, foi dito de forma efusiva por muitos.
Nasceu, então, um sentimento de novidade política, desatrelado a esquerda “responsável pelos grandes problemas do país”. Esse sentimento começou a ganhar forma nas eleições de 2016 e se consolidou em 2018. “Queremos políticos que não participam do sistema”, foi entoado no íntimo. Wilson Lima, um apresentador carismático, com grande apelo popular, se encaixou perfeitamente nesse perfil.
No comparativo com as eleições suplementares de 2017, no Amazonas, é prudente fazer algumas observações que reforçam nosso argumento.
Em 2018, o candidato derrotado, Amazonino Mendes, obteve 733.414 votos. Esse quantitativo seria suficiente para se eleger nas eleições suplementares de 2017. Nela, Amazonino obteve 780.982 votos contra 537.012 de Eduardo Braga. As abstenções, brancos e nulos totalizaram 659.791 em 2018 contra incríveis 1.109.165 na eleição suplementar.
O que isso quer dizer? – Wilson Lima se tornou responsável por uma parcela enorme da população que se abdicou do voto no passado e não se sentia representado por nenhuma forma de política. Wilson, como representante do “novo”, dispõe de 4 anos para consolidar a grande oportunidade da sua vida. O mínimo passo errado, pode ressuscitar “os consagrados que tangenciaram com o fracasso”.