Clube da Madrugada
(…) O Clube da Madrugada nunca possuiu sede própria: os escritores se reuniam embaixo de um mulateiro [grande árvore da Amazônia] na Praça da Polícia [Praça Heliodoro Balbi]. Sua existência transcendeu limites geográficos dessa Praça. E, hoje, é reconhecido não apenas no Brasil, mas em várias parte do mundo (…) – O Pioneiro, Brasília.
Anos 2000
Com o acelerado crescimento das tecnologias é comum ouvir que “nada mais é como antigamente”. De fato, o consumo de livros caiu drasticamente. Segundo pesquisa do Ibope Retratos da Leitura de 2016, 44% da população brasileira não lê e 30% dos brasileiros nunca sequer comprou um livro.
Ainda que os dados sejam pessimistas, jovens escritores amazonenses usam as alternativas que lhe são acessíveis para colocar em circulação suas obras, sejam em plataformas digitais, impressão do próprio bolso e distribuição pelas ruas da cidade.
Trabalhos Locais
Recém graduado em Direito pela Universidade Federal do Amazonas, Victor trabalha na Defensoria Pública e concilia seu trabalho literário em seu tempo livre, como um hobby. O livro é dividido entre os textos de Victor e Paloma.
“São cinco poemas meus. Em dois deles eu falo sobre amor, abordei a masculinidade e os papéis de gênero em outro. Também falo sobre felicidade e escrevi um poema sobre o sentimento de culpa”, conta.
Já os poemas de Paloma, intitulados de “Liberdade”, trazem textos que tratam também de amor, mas focam nas questões como desigualdade social, reflexões sobre consciência coletiva e um apanhado de suas experiências em forma de síntese.
Paloma também desenvolve um projeto social chamado “Salvando Mentes”, que leva arte e cultura para comunidades, instituições e abrigos. Ações como oficinas acontecem uma vez no ano ou a cada seis meses.
‘E o Menino lá sabe Escrever?’
João Hime é estudante de jornalismo e produz regularmente um evento chamado “Ruídos Afrescos”, onde vários segmentos da arte local são apresentados. Seu livro foi lançado nesta sexta (26), na Banca do Largo, uma das poucas que ainda resistem na capital amazonense, localizada bem ao lado do maior símbolo cultural da cidade: o Teatro Amazonas.
O livro de João é uma reunião de textos que foram acompanhando seu amadurecimento. “Selecionei o que eu acredito que seja o melhor que escrevi entre 2013 e 2018, juntei e mandei pra uma editora e foi aceito. A editora se chama Multifoco e é do Rio de Janeiro. Estão cobrindo a impressão e distribuição. Fiquei muito feliz de conseguir realizar isso”, afirmou.
Para se revelar como escritor, optou por uma página na internet onde postava seus trabalhos. “Reuni os que eu achava melhor e fui selecionando por segmentos. Não falo muito sobre amor mas foquei em situações que aconteciam comigo ou me chocavam de alguma forma no mundo. Já tive problemas alimentares, então escrevi poemas sobre anorexia. Falo também sobre amizade e sobre o sentimento de não-pertencimento”, explicou.
Devaneio: Amores vividos, histórias inventadas
Rebeca Beatriz escreve e publica seus textos desde 2015, quando criou seu blog e, com o tempo, foi ganhando atenção do público online. Já colaborou em grandes sites nacionais como Beco do Poeta, 1/4 de Café e O Segredo.
“Meus textos falam sobre histórias que eu vivi em relacionamentos, outros são sobre histórias que ouço e coisas que eu gostaria que eu idealizo ou gostaria de viver. É muito aleatório meu processo. Ás vezes vejo uma cena num filme e procuro explorar aquilo de maneira diferente. Para eu começar a escrever, eu lia algum livro e não gostava do final e criava o final diferente, fui fazendo e assim ficou. Não é regra. Algumas coisas que não consigo dizer em voz alta, quando algum amigo desabafa, alguns até pedem pra fazer um texto sobre tal questão que estão vivendo”, descreveu.
No segundo semestre deste ano Rebeca lança primeiro livro, com homônimo ao blog, Devaneios: Amores Vividos, Histórias Inventadas. Será a primeira vez que ela sairá do ambiente digital para ter seus trabalhos de maneira física.
“Gosto muito do ambiente online, porque posso conhecer as pessoas, mas fiz uma pesquisa sobre o mercado editorial e decidi que queria a versão impressa pra explorar novos espaços”, completou Rebeca, que terá seu livro lançado pela editora Lendari.