Apesar das perdas econômicas ocasionadas pela pandemia, o volume de exportações no Amazonas chegou a US$ 85,33 milhões. Esse resultado corresponde ao mês de outubro de 2020 e representa o maior registro desde junho de 2014, de acordo com informações da Balança Comercial do Estado. Representante da indústria no estado avalia que a exportação é um dos meios eficazes para ampliar os negócios e gerar lucro, porém critica a burocratização do processo.
Em comparação com o mês anterior, em setembro deste ano, com o montante das exportações em US$ 67,97 milhões, o mês de outubro cresceu 25, 72%. Já as importações, tiveram queda. Segundo o levantamento, a soma das exportações e importações caiu 6,98% em relação ao mesmo período, o mês de outubro, de 2019.
Para o secretário titular da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), Jório Veiga Filho, os números aparecem como resultado do empenho das indústrias no Amazonas, que voltaram com força após o período de estagnação da comercialização por conta da pandemia.
“É com muita satisfação que vemos o crescimento das exportações no Amazonas, já representando de janeiro a outubro de 2020, um aumento de US$ 70 milhões. É praticamente um mês de exportações, na média com relação a 2019, e também o alcance de US$ 84 milhões no mês de outubro é o maior valor já exportado num só mês desde junho de 2014. Isso comprova que as empresas conseguiram reagir bem, apesar de um ano tão complexo com a pandemia e que levou a tantas mudanças no nosso cenário econômico”, avaliou o secretário.
Campeões exportados
Diante da lista dos produtos exportados, o ouro foi um dos campeões. Com 69,48% do ouro do Amazonas exportado para a Alemanha, houve um crescimento de 662,43% de outubro de 2019 em comparação com setembro deste ano. Na Balança Comercial, o ouro manufaturado correspondeu a US$ 15,33 milhões.
Além da Alemanha, o Amazonas também exportou para 59 países e importou de 73. Também no mês de outubro, a Venezuela se destacou como principal destino das exportações amazonenses, o que corresponde a 27,31%, registrando o volume de US$ 23,31 milhões. Os principais produtos exportados foram classificados como açúcares de cana, equivalente a 16,26% das exportações para aquele país sul-americano.
Enquanto isso, o município de Presidente Figueiredo registrou o volume de US$ 2,47 milhões em exportações na Balança de Outubro deste ano, tendo o ferro-ligas como principal produto de exportação. A China foi o país de destino do material exportado. O item teve variação de -46,93% em relação ao mês de setembro de 2020, e de -48,35%, em relação a outubro de 2019.
Pelo menos dez dos 62 municípios do Amazonas também exportaram em outubro de 2020. São eles: Itacoatiara, Presidente Figueiredo, Iranduba, Parintins, Tefé, Borba, Manacapuru, Maués, São Gabriel da Cachoeira e Manaus.
Madeira
Segundo o engenheiro florestal da Mil Madeiras, Marcos Antônio Souza, a empresa exporta 85% de sua produção de madeira serrada. Sediada em Itacoatiara, a firma conta com 730 funcionários diretos e exporta para a Holanda, Espanha e para os Estados Unidos da América, com manejo florestal sustentável certificado. Em 2019, a Mil Madeiras faturou R$ 66 milhões com a exportação.
Além de Itacoatiara, o município de Iranduba também exportou e registrou o total de US$ 0,28 milhões, tendo a madeira perfilada como principal produto exportado, e os Estados Unidos como país de destino do material. A variação do produto foi registrada em -58,32%, em relação ao mês anterior, e em -66,04%, em relação a outubro de 2019.
Novos rumos
Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, o resultado das exportações do Amazonas entra em contradição com as previsões anteriores e mostram a visão que os empresários têm em desbravar o mercado internacional como opção para driblar a crise local e mundial.
“As limitações de negócios e a queda da demanda no mercado interno durante esse período de pandemia obrigou o empresariado a procurar outras saídas e, entre elas, estava o acesso ao mercado internacional como uma fonte de receita possível, que garantisse a manutenção das atividades dos seus negócios, subsistindo suas empresas e os empregos por elas criados. Desta forma, diversificando suas fontes de receitas, principalmente as empresas de pequeno e médio porte, conseguiram manter-se e prosperar durante a pandemia”, explana.
Silva ainda exalta a participação dos municípios que exportaram, como Itacoatiara, que se destacou em outubro como o maior exportador, além de Presidente Figueiredo, Iranduba, Parintins, Tefé, Borba, Manacapuru, Maués e São Gabriel da Cachoeira. No entanto, ele declara que é preciso ampliar o ramo e facilitar o processo burocrático no Estado.
“Para melhorar na expansão das nossas exportações precisamos fazer planejamento, prospecção de mercado, capacitação de empregados, não deixar que ocorram rupturas no fornecimento dos produtos, oferecer qualidade e, principalmente, conquistar a confiança do importador. Não se exporta sem que o produto tenha competitividade e, para isso, tem que haver investimentos em equipamentos, pessoal e capacitação profissional. Esses são os nossos principais desafios. É necessário também que haja uma parceria entre as empresas e os órgãos de fomento às exportações,”, enfatiza o presidente da Fieam.
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