Trilha no segundo maior vulcão da Indonésia é considerada uma das mais desafiadoras da Ásia e já acumula histórico de ocorrências fatais
A brasileira Juliana Marins, de 26 anos, foi encontrada morta nesta terça-feira (24), após cair de um penhasco durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia. A jovem fazia um mochilão pela Ásia e se afastou do grupo com quem viajava quando despencou a cerca de 650 metros de profundidade, em um dos trechos mais íngremes da montanha. A trilha é parte do Parque Nacional do Monte Rinjani, uma área de conservação ambiental que tem registrado um crescimento no número de visitantes, mas também um aumento nos acidentes.
Histórico de acidentes cresceu com a alta no turismo
Segundo dados do governo indonésio, entre 2020 e 2024 foram registrados 180 acidentes e 8 mortes nas trilhas do parque nacional. Os números revelam uma tendência crescente:
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2020: 21 acidentes e 2 mortes
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2021: 33 acidentes e 1 morte
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2022: 31 acidentes e 1 morte
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2023: 35 acidentes e 3 mortes
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2024: 60 acidentes e 1 morte (até agora)
Do total de vítimas, 44 eram turistas estrangeiros e 136, turistas locais. Entre os principais tipos de acidente estão quedas e torções, com 134 registros.
Governo recomenda criação de protocolo de resgate
Com o aumento nas ocorrências, o governo indonésio publicou em março de 2024 um parecer técnico recomendando a implementação urgente de um procedimento operacional padrão (POP) para buscas, resgates e evacuações. O relatório alerta para a necessidade de maior organização das equipes de socorro, além de protocolos específicos de segurança para empresas de turismo e visitantes.
O documento também destaca que o aumento do turismo traz benefícios econômicos para a região, mas eleva os riscos ambientais e a ocorrência de acidentes, muitas vezes causados por descumprimento de normas, como falta de preparo físico, uso inadequado de equipamentos ou acesso a trilhas não oficiais.
Trilha do Monte Rinjani é uma das mais desafiadoras do país
Com 3.726 metros de altitude, o Monte Rinjani é o segundo vulcão mais alto da Indonésia. A trilha que leva ao cume pode durar de dois a quatro dias e inclui trechos íngremes, mudanças bruscas de clima, neblina e longas subidas. A dificuldade do percurso exige bom condicionamento físico e equipamentos apropriados, especialmente em épocas de maior umidade.
Para mitigar riscos, o parque instalou placas de alerta nas áreas mais perigosas e realiza orientações aos visitantes na entrada das trilhas.
Outros casos fatais registrados na região
Entre 2022 e 2025, três turistas morreram em acidentes semelhantes na região do Monte Rinjani:
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Boaz Bar Anam, de nacionalidade portuguesa e origem israelense, morreu em 2022 ao cair de uma altura de 150 metros ao tentar tirar uma selfie na borda do cume. O corpo foi resgatado após quatro dias de buscas.
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Em 2024, a suíça Melanie Bohner caiu de um barranco enquanto escalava sozinha uma trilha não oficial no Monte Anak Dara, área próxima ao Monte Rinjani. Ela foi encontrada sem vida por moradores locais.
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Também em 2024, um turista da Malásia, de 57 anos, caiu de uma ravina de 80 metros na trilha de Torean. O acidente ocorreu em meio à neblina, após ele recusar ajuda dos guias e se soltar da corda de segurança.
Todos os casos envolveram quedas em áreas de risco e, em comum, apontam falhas no uso de equipamentos e acesso a trilhas não recomendadas pelas autoridades locais.
*Com informações da CNN