A megaoperação policial realizada nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, já é considerada a mais letal da história recente do Brasil, superando o massacre do Carandiru, ocorrido em São Paulo em 1992. Embora os contextos sejam distintos, um dentro do sistema prisional e outro em áreas urbanas em confronto direto com o tráfico de drogas, a quantidade de vítimas chama atenção e reacende debates sobre o uso da força letal no país.
Segundo dados divulgados na terça-feira (28), 132 pessoas morreram durante a operação 60 suspeitos e quatro policiais, mas o número pode ser ainda maior.

Peritos trabalham para identificar as vítimas e determinar se todas as mortes estão relacionadas à operação, que mobilizou 2,5 mil agentes e foi planejada por dois meses para conter o avanço do Comando Vermelho, principal facção criminosa do Rio de Janeiro. A ação resultou também em 81 prisões e na apreensão de 42 fuzis.
Mudança no padrão de enfrentamento
A operação evidenciou uma escalada nos confrontos urbanos. Traficantes utilizaram drones para lançar granadas contra equipes da Core e do Bope, em uma demonstração inédita de poder bélico. O governo estadual admitiu que o conflito excedeu a capacidade das forças tradicionais de segurança e classificou a operação como ação contra “narcoterroristas”, termo usado pelo governador Cláudio Castro. Organizações de direitos humanos criticaram a retórica, alertando para o risco de banalização da força letal.
Recorde de letalidade urbana
Em comparação, o massacre do Carandiru, ocorrido em 2 de outubro de 1992 na Casa de Detenção de São Paulo, deixou 111 detentos mortos durante uma rebelião no Pavilhão 9. Na época, 341 policiais da Tropa de Choque dispararam cerca de 3,5 mil tiros em menos de 30 minutos. Muitos presos foram executados à queima-roupa, inclusive dentro de celas. O episódio se tornou símbolo internacional da violência policial e da crise do sistema prisional brasileiro.

A megaoperação no Rio, no entanto, ocorre em plena área urbana, com corpos espalhados por áreas de mata, incluindo a Serra da Misericórdia. A ação evidencia a intensidade do confronto com o Comando Vermelho, que em anos recentes ampliou seu domínio territorial na cidade.
*Com informações de O Globo


