A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), ex-líder do governo no Congresso, afirmou nesta terça-feira (22) em entrevista ao G1 que assessores de Carlos, Eduardo e Flávio Bolsonaro — filhos do presidente da República –, criaram perfis falsos numa rede social.
Joice diz ainda que “dentro do Palácio do Planalto”, “no gabinete do presidente”, há um grupo responsável por produzir materiais.
Segundo a parlamentar, há mais de 20 perfis falsos no Instagram criados por assessores e pessoas ligadas aos três filhos políticos do presidente: o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC).
Essas 20 contas no Instagram, segundo ela, estão vinculadas a 1.500 páginas de Facebook, muitas delas também falsas. Joice também informou haver contas do WhatsApp vinculadas, mas não deu detalhes.
Joice não citou os nomes dos assessores.
Em entrevista ao portal UOL na noite desta segunda-feira, Joice havia citado o que chamou de “milícia digital”, informado que os perfis falsos de funcionários dos filhos de Bolsonaro que alimentam uma rede de 1.500 páginas e perfis servem para, além de informações falsas, campanhas de difamação.
A assessoria de Eduardo informou que o parlamentar “não vai se manifestar”.
Nos últimos dias, Joice criticou publicamente o presidente Jair Bolsonaro e trocou ataques pelas redes sociais com filhos dele. A briga se intensificou após ela ser destituída pelo presidente da função de líder do governo no Congresso. Na segunda-feira (21), ela perdeu também o posto de vice-líder na Câmara, por ordem de Eduardo.
“Os cérebros do processo [de criação de perfis fake no Instagram e páginas na internet em defesa do governo] estão ligados e tem gente do gabinete do Eduardo, do Carlos e do Flávio — além de um grupo que fica produzindo material lá dentro do Palácio mesmo, dentro do Palácio do Planalto”, declarou. A reportagem questionou se esse material é produzido dentro do gabinete do presidente, e Joice confirmou: “no gabinete do presidente”.
“Quando a página é do funcionário contratado, não precisa ter dinheiro para bancar uma página. Você cria a página, mas o funcionário é bancado. O cérebro não é todo mundo, não. Obviamente, tem muita gente que tá ali achando que tá fazendo um trabalho para ajudar aquelas páginas. Toda página que você vê ‘conservador não sei das quantas’, ‘Bolsonaro radical’, ‘patriota não sei das quantas’, faz tudo parte deste grupo aí”, afirmou.