O jornalista Glenn Greenwald, editor do Intercept Brasil, afirmou na quinta-feira (13) durante o programa Pânico que ainda há muito para sair dos vazamentos que mostram conversas entre o Ministro Sérgio Moro e o procurador e coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol. “Temos materiais que vão ter mais impacto do que os que já publicamos”, disse.
Ele defende que o julgamento do ex-presidente Lula deve ser anulado. “Quando tem um juiz na primeira instância criando um recorte com motivos errados e não seguindo as regras éticas, o caso inteiro é corrupto. Se nossa reportagem mostrar que Sérgio Cabral e Eduardo Cunha foram condenados por um processo corrupto, vou defender também”.
Desde o último domingo (9) o site vem fazendo reportagens e publicando trechos de conversa entre o ex-juiz e o procurador. Para Glenn, o material mostra que o processo que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava comprometido. “Eles estavam falando publicamente o tempo todo que eram apartidários, mas, em segredo, estavam falando explicitamente que o objetivo deles, usando o poder do Estado como procuradores, era impedir que o PT voltasse ao poder”, afirmou. “Sergio Moro quebrou as regras éticas.”
O jornalista, que também foi o responsável por divulgar as informações que Edward Snowden coletou da NSA, em 2013, acredita que a condenação do ex-presidente foi corrompida, mesmo corroborada por outras instâncias judiciais. “Quando tem um juiz na primeira instância criando um recorte com motivos errados e não seguindo as regras éticas, o caso inteiro é corrupto”, explicou.
Novas publicações
Greenwald não quis dizer quando serão publicadas novas matérias sobre os vazamentos, mas afirmou que outros veículos de comunicação ajudarão o Intercept. “Todos os veículos da grande mídia no Brasil estão pedindo para trabalhar conosco para reportar o material que nós temos, exceto a Globo“, disse.
“Estamos conversando com outros grandes jornais e revistas que têm interesse. Outros jornais e jornalistas brasileiros terão acesso [ao arquivo]”, prometeu. Ele ressaltou que isso evita dúvidas sobre a legitimidade das conversas. “Vamos trabalhar o arquivo completo com outros veículos. Se mentimos, será descoberto.”
O jornalista ainda destacou que Deltan Dallagnol e Sergio Moro não contestaram a veracidade do conteúdo divulgado e questionou a reação dos envolvidos ao vazamento. “Se o que eles fizeram não é errado, por que eles ficaram três anos negando que estavam fazendo o que nós mostramos o que estavam fazendo?”.