Embora esteja em alta também no Brasil, o preço do litro da gasolina no país é o 90º mais alto do mundo. O custo médio do produto nos postos brasileiros está em R$ 6,321. São, em média, R$ 0,42 abaixo do que tem sido praticado no mercado internacional: R$ 6,75.
A informação é do Global Petrol Prices, serviço que monitora semanalmente os preços de combustíveis e energia em 168 países com base em indicadores oficiais.
O serviço destaca que, apesar de o custo do petróleo no mercado internacional ser o mesmo para todos, os preços praticados em cada país são influenciados por diferentes tributos e subsídios.
Os valores mais baratos encontrados pelo levantamento estão em duas integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep): Venezuela (R$ 0,221) e Irã (R$ 0,330). No entanto, os dois locais praticam preços inferiores à média do cartel.
Na outra ponta do ranking, Hong Kong, na Ásia, é o local mais caro para encher o tanque. Na região autônoma da China, o litro da gasolina custa, em média, R$ 14,454.
Embora esse seja o preço mais alto, esse patamar de valores não é fenômeno isolado. Em 25 países o litro da gasolina chega a superar os R$ 10, e 19 deles ficam na Europa. O valor chega a superar os R$ 12 na Holanda (R$ 12,401) e na Noruega (R$ 12,242).
Realidade brasileira
A diferença entre a média internacional e o que tem sido cobrado nas bombas dos postos brasileiros está em linha com a defasagem que tem sido apontada pela Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom).
A entidade aponta que o valor praticado pela Petrobras nas refinarias está, em média, 13% abaixo da média internacional, o que representaria R$ 0,50.
De acordo com a associação, essa diferença desestimula os importadores a comprar combustível no mercado externo, pela dificuldade de concorrer com os preços praticados pela estatal, que não estariam alinhados com a Política de Paridade Internacional (PPI) adotada pela empresa.
Como a produção de gasolina nas refinarias brasileiras atende apenas cerca de 85% da demanda, a diferença vem do exterior, e essa defasagem tem feito com que o produto tenha sido trazido quase que exclusivamente pela Petrobras.
Pedidos
Na última segunda-feira (19), a estatal informou que não poderá atender a todos os pedidos de fornecimento de combustíveis para novembro. Eles teriam sido feitos pelas distribuidoras acima da média habitual para o padrão.
No entanto, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) emitiu uma nota, na qual nega que haja indicação de desabastecimento no mercado nacional de combustíveis. “A ANP segue realizando o monitoramento da cadeia de abastecimento e adotará, caso necessário, as providências cabíveis para mitigar desvios e reduzir riscos.”
Presidente da Abicom, Sérgio Araújo destaca que as importadoras podem suprir a demanda, desde que a estatal se concentre em comercializar apenas o produto feito em suas refinarias, permitindo que as importadoras busquem fornecedores internacionais, praticando preços de mercado.
“Se isso acontecer e a Petrobras comunicar essa decisão com antecedência para os seus clientes, as distribuidoras, eu não tenho dúvida de que as importadoras estarão providenciando os volumes necessários para completar o abastecimento, garantindo assim o atendimento à toda a demanda, sem risco de desabastecimento para dezembro. Para o mês de novembro, tivemos a informação da ANP de que não haverá desabastecimento”, avaliou.
Alta no preço do barril
Coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz destaca que a tendência internacional é de alta no preço do barril de petróleo e concorda que há uma defasagem nos preços praticados pela Petrobras. No entanto, destaca que ela funciona como instrumento para evitar o repasse de qualquer volatilidade ao consumidor.
“É necessário saber antes se a alta é produto de um movimento natural, ou se é algo momentâneo ou especulativo. Os preços de petróleo e derivados estão em alta por causa de uma oferta reduzida, mas esses valores mais elevados podem animar alguns países a produzir mais, para faturar com essa alta, o que poderia reduzir um pouco esses preços”, avaliou o economista.
Em setembro, a inflação oficial, mensurada pelo IBGE, fechou com alta de 1,16%, o maior patamar para o mês desde 1994, quando foi implementado o Plano Real. O dado foi impulsionado pela alta dos combustíveis, apontados como principais vilões do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA).
Procurada, a Petrobras reiterou o posicionamento anterior, de que os pedidos extra vieram acima da capacidade de suprimento, e que não houve, do ponto de vista do mercado, qualquer fato que justifique aumento de demanda.
A empresa destacou que tem cumprido os compromissos contratuais, e destacou que os agentes privados cadastrados na ANP podem importar combustíveis e absorver a demanda. No entanto, no posicionamento, a estatal não se manifestou sobre a previsão de importações para dezembro.
Confira os preços da gasolina ao redor do mundo, de acordo com a Global Petrol Prices:
Mais baratos:
1º) Venezuela (R$ 0,221)
2º) Irã (R$ 0,330)
3º) Síria (R$ 1,272)
4º) Angola (R$ 1,477)
5º) Argélia (R$ 1,848)
78º) Brasil (R$ 6,321)
Mais caros:
1º) Hong Kong: (R$ 14,454)
2º) Holanda: (R$ 12,401)
3º) Noruega: (R$ 12,242)
4º) República Centro Africana: (R$ 11,692)
5º) Dinamarca: (R$ 11,587)
90º) Brasil (R$ 6,321)
Brics:
1º) Índia: (R$ 7,829)
2º) África do Sul: (R$ 6,747)
3º) China: (R$ 6,746)
4º) Brasil: R$ 6,321
5º) Rússia: R$ 3,886
América do Sul:
1º) Uruguai: (R$ 8,875)
2º) Chile: (R$ 6,626)
3º) Brasil: (R$ 6,321)
4º) Paraguai: (R$ 6,245)
5º) Argentina: (R$ 5,359)
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