Nem que seja pelo menos uma vez, você já deve ter escutado falar alguma coisa da tão esperada quinta geração de telefonia móvel (5G). Acontece que para que ela seja liberada no Brasil ainda faltam alguns tramites e decisões da esfera política. O Governo Federal começou a dar alguns passos para resolver alguns impasses que impediam a realização do leilão que irá definir a distribuição das frequências para a implantação de redes 5G no país, com a publicação de um decreto no Diário Oficial da União (DOU), no final do mês de junho.
Existem dois elementos principais que estão travando o andamento do projeto. O primeiro é a frequência de 3,5 GHz, que pode afetar o sinal de TV por satélite, facilmente captável por antenas parabólicas. O segundo elemento que não permite que o leilão de 5G aconteça mais rapidamente são as próprias operadoras de telefonia móvel.
O governo reafirmou que esse leilão deve ocorrer ainda neste ano de 2020. Entretanto, com a dificuldade que técnicos vem enfrentando para fazer testes de campo, causada pela pandemia do novo coronavírus, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) cogita fazer mudanças no edital e realizar o leilão no primeiro semestre de 2021. Como você pode perceber, ainda há um caminho a ser percorrido até a implantação da quinta geração da telefonia.
A Claro trouxe em julho de 2020 o 5G DSS, que compartilha frequências que já funcionam no Brasil para entregar uma internet, segundo ela, até 12 vezes mais rápida que o 4G tradicional. Mas ainda não opera nas faixas a serem usadas pelo 5G, que ainda dependem do leilão da Anatel.
Mas, afinal de contas, o que é o 5G?
A tecnologia 5G é a próxima geração de rede de internet móvel. A expectativa é de que ela trará mais velocidade para downloads e uploads, cobertura mais ampla e conexões mais estáveis. A ideia é usar o melhor espectro de rádio e permitir que mais aparelhos acessem a internet móvel ao mesmo tempo. De acordo com especialistas, o 5G permitirá que mais de 1 milhão de aparelhos se conectem simultaneamente por metro quadrado. E ainda mais: o 5G pode atingir rapidez de navegação e download cerca de dez a 20 vezes mais rápida.
E como funciona o 5G?
A tecnologia usa faixas de frequência mais altas da telefonia para funcionar, de 3,5 GHz a pelo menos 26 GHz. Estas têm uma capacidade maior, mas como seus comprimentos de onda são menores, significa que seu alcance é mais curto. Por isso, são chamadas de “ondas milimétricas” e são bloqueados mais facilmente por objetos físicos. Mas os padrões ainda não foram definidos para todos os protocolos do 5G.
Situação atual da rede de internet móvel no país
– 3,8 milhões de brasileiros sem sinal de internet móvel
– 3G ainda dominante no País (99,9% dos habitantes)
– 4G em municípios com 97,2% dos habitantes
Obrigações já estabelecidas
– 3G em 100% das sedes municipais (2019)
– 4G nas sedes de municípios com mais de 30 mil habitantes
Desafios
– 3G ou superior nos distritos não-sede dos municípios
– 4G ou superior nas sedes de municípios com mais de 30 mil habitantes
Para que serve o 5G?
Engana-se quem pensa que a tecnologia surgiu apenas para deixar a navegação na internet mais rápida. A expectativa é de que, quando chegar no último estágio, o 5G represente um avanço importante para a sociedade. Estima-se que o 5G possa, em muitos casos, substituir até mesmo as redes domésticas de wi-fi.
Desigualdades
O Comitê Gestor da Internet no Brasil divulgou no mês passado uma pesquisa que mostra como o brasileiro acessa a internet. Três em cada quatro brasileiros já estão conectados. 58% dos brasileiros acessam a internet pelo celular, e esses números chegam a 85% na classe D. De qualquer forma, a pesquisa mostra que ainda temos 26 milhões de pessoas no Brasil que não têm acesso à rede mundial de computadores.
À Agência Senado, o senador Jean Paul Prates (PT) disse que duvida muito que o 5G venha a alterar a desigualdade digital. “Para que isso seja resolvido, precisamos resolver é a nossa economia. Não dá pra continuar com essa política neoliberal, que não considera as políticas sociais. Se não nos preocuparmos com esses excluídos digitais e não enxergarmos eles como excluídos de outros processos econômicos e sociais, não vamos resolver essa questão. Só para dar um exemplo: quando falamos de acesso democratizado à internet, falamos do trabalhador poder ver notícias no ônibus, a caminho do trabalho. Da juventude poder mostrar uma música pros amigos, num encontrinho na praça. Parece besta, mas isso também significa dar mais cores para situações banais, isso é melhorar qualidade de vida”, enfatizou.
Qual o custo da tecnologia?
Especialistas apontam que operadoras tendem a oferecer franquias mais “generosas” com o 5G, o custo do bit do 5G é menor. Algumas operadoras estrangeiras disponibilizaram planos de 5G ilimitados neste início de ofertas: é o caso da britânica Vodafone, com preços que variam entre 23 e 30 libras (de R$ 120 a R$ 155) mensalmente.
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Por Cíntia Ferreira, do Portal Projeta