terça-feira, dezembro 3, 2024
More
    HomeSociedadeAmazonasEducador indígena dá voz aos povos da aldeia Kwatá em livro

    Educador indígena dá voz aos povos da aldeia Kwatá em livro

    Publicado em

    Resistir para existir é o grito de guerra dos povos indígenas, cuja data foi celebrada nessa sexta-feira (19). E foi usando a escrita para reafirmar a necessidade de resistência que o professor da rede pública estadual, o indígena munduruku Ytanajé Coelho Cardoso, de 28 anos, encontrou o caminho para registrar a existência do próprio povo. Autor do livro “Canumã: A travessia”, Ytanajé decidiu dar voz aos povos que habitam a aldeia Kwatá, em Borba, misturando ficção com lembranças da infância na região.

    Publicado pela Editora Valer, o livro surgiu a partir das pesquisas de graduação de Ytanajé, ainda em 2014, e foi lançado nesta quarta-feira (17), na programação do Abril Indígena da Escola Normal Superior da Universidade do Estado do Amazonas (ENS/UEA).

    O educador, que hoje é professor na Escola Estadual José Bernardino Lindoso, conseguiu inserir no romance a língua ancestral do povo Munduruku. “Ester Cardoso, moradora do rio Canumã e que celebrou 100 anos de vida na semana passada, é uma das poucas a falar a língua de sua tribo no Amazonas. Tudo isso tem se perdido ao longo do tempo e não tem sido documento como deveria”, relata o professor.

    No romance, a busca por uma vida melhor norteia a história de uma família Munduruku que vive na aldeia Kwatá e se vê obrigada a mudar para a sede do município. “Antes de saírem, entretanto, eles ouvem muitas lembranças de seus próprios avós (anciões). São eles os verdadeiros contadores de histórias das comunidades – o que não veremos mais depois que eles morrerem”, resumiu o professor de Língua Portuguesa.

    Quando decidiu documentar a fala do povo Munduruku, Ytanajé tinha alguns objetivos. “Resolvi documentar os últimos falantes da nossa região porque, enquanto os Mundurukus do Pará e do Mato Grosso falam, temos aqui apenas os anciões – que são poucos. Preocupado com a perda dessas vozes ancestrais, usei uma das estratégias para manter esta tradição viva: a ficção”, salientou o escritor.

    Educação indígena

    Com o livro, que ressalta a vida e cultura de seu povo, Ytanajé quer pleitear ser um dos autores do material didático das escolas indígenas da Secretaria de Estado de Educação (Seduc-AM), na qual é professor de Língua Portuguesa desde 2016. Atualmente, a Seduc-AM atende 10,5 mil alunos indígenas em todo o Amazonas.

    “A literatura indígena precisa ir além, mas também é importante que a gente consiga mostrar nossa história para nós mesmos. Conhecer a nossa história é uma forma de resistência”, destacou.

     

    Últimos Artigos

    Zera Dívida: Campanha da Águas de Manaus é prorrogada

    A campanha Zera Dívida, da concessionária Águas de Manaus, foi estendida até o fim...

    Sefaz-AM combate entrada ilegal de roupas no Amazonas

    A Secretaria de Estado da Fazenda do Amazonas (Sefaz-AM), em parceria com a Receita...

    Dezembro Vermelho: Tropical realiza testes gratuitos para HIV e outras ISTs

    A Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), em Manaus, realizará realizará...

    Governo cria Selo Amazônia para produtos industrializados

    No último fim de semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um...

    Mais artigos como este

    Zera Dívida: Campanha da Águas de Manaus é prorrogada

    A campanha Zera Dívida, da concessionária Águas de Manaus, foi estendida até o fim...

    Sefaz-AM combate entrada ilegal de roupas no Amazonas

    A Secretaria de Estado da Fazenda do Amazonas (Sefaz-AM), em parceria com a Receita...

    Dezembro Vermelho: Tropical realiza testes gratuitos para HIV e outras ISTs

    A Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), em Manaus, realizará realizará...