O vereador Chico Preto (PMN) usou sua conta no Twitter na manhã desta segunda-feira (10) para sair em defesa do Ministro da Justiça Sérgio Moro. O ex-juiz fez sua primeira aparição pública em Manaus após ter conversas divulgadas pelo site The Intercept com o procurador Deltan Dallagnol, do Ministério Público Federal (MPF).
A rede social é a principal plataforma de comunicação mundial entre autoridades e opinião pública. Em resumo: um campo de batalha comunicacional que serve aos políticos. Nela, há uma métrica utilizada para saber os Assuntos do Momento. A ferramenta mostra as hashtags #MoroCrimonoso e #EuApoioaLavaJato em primeiro e segundo lugar, respectivamente, no ranking.
O vereador amazonense Marco Antônio Souza Ribeiro da Costa, que não é negro e nem Francisco, mas conhecido eleitoralmente como Chico Preto, buscou espaço na polêmica utilizando trocadilho em alusão ao Partido dos Trabalhadores (PT) para citar o site internacional, responsável pela divulgação das conversas de Moro.
As aspas utilizadas pelo vereador ao se referir ao casamento de David Miranda com o jornalista Glenn Greenwald não passaram despercebidas pelos internautas, que cobraram do vereador, um funcionário público do município, uma postura adequada ao cargo.
Além das aspas problemáticas em torno da relação citada pelo vereador, o uso da hashtag #Deusacimadetudo, que se tornou um verdadeiro jargão bolsonarista, também foi identificada com viés ideológico pelos internautas que rapidamente encontraram o mesmo material sendo replicado por outros aliados que pertencem ao grupo político de Bolsonaro.
Entenda
Os filhos do Bolsonaro iniciaram, ainda pela parte da manhã desta segunda-feira (10), uma disseminação de informações para o público que pudessem enfraquecer a denúncia do jornal americano. Uma dessas réplicas foi atribuída ao vereador Chico Preto em sua manifestação. A página Manaus Pop acusou o parlamentar de copiar a informação e o vereador confirmou que foi sim “Uma versão “light” de um tuíte do @bernardopkuster, cuja ideia eu concordo”.
As informações divulgadas pelo jornalista Bernardo P. Küster sobre o envolvimento do Intercept com a esquerda brasileira são repassadas pelos seguidores da família Bolsonaro como se fossem um grande furo ou informação reveladora. Na realidade, o casamento de David Miranda (PSOL) com o jornalista do Intercept pode ser comprovado numa simples busca ao perfil de Glenn Greenwald, já que sua foto de perfil exibe a família composta pelo casal e seus dois filhos adotivos.
O argumento disseminado pelos filhos de Bolsonaro, e em seguida por pessoas como Chico Preto, para enfraquecer a denúncia foram rebatidas pelo jornalista:
Com ironia, o jornalista americano pede que expliquem ao filho do presidente que uma foto de Glenn cumprimentando o ex-presidente Lula não configura incriminação. A ideia da imagem por si só servindo como informação é um prato cheio para leitores na era da informação instantânea, sem o cuidado da checagem ou profundidade, o alarde em situações como essas são feitos pelas vítimas de um país que não leva educação a sério.
Sem desfecho
Greenwald é um dos fundadores do site Intercept e ficou conhecido mundialmente pela reportagem que comprovou, em parceria com o ex-agente da CIA e da NSA Edward Snowden, no ano de 2013, o monitoramento indevido de informações privadas em massa pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos. As reportagens publicadas no jornal britânico The Guardian deram a ele o Prêmio Pulitzer de Jornalismo e fama mundial.
O jornalista afirma que as conversas divulgadas entre Sérgio Moro e Deltan superam o volume de material obtido no caso Snowden e novos conteúdos devem ser divulgados em breve. Ao site UOL, Gleen afirmou: “Não quero falar nada sobre as coisas que ainda não divulgamos. Mas posso falar que esse arquivo é muito grande e é sobre mais pessoas do que a força-tarefa da Lava Jato ou o Moro. Mas não posso dizer mais que isso”, finalizou.
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