A economista Monica de Bolle, pesquisadora sênior do Instituto Peterson de Economia Internacional, em Washington, deu uma declaração polêmica e preocupante de que a Floresta Amazônica vai entrar num ponto de inflexão daqui a dois anos e deixará de produzir chuva. Ou seja, por causa do aumento do desmatamento e das queimadas a floresta deixará de produzir chuva suficiente para se sustentar e vai se transformando lentamente numa vegetação mais seca, liberando bilhões de toneladas de carbono na atmosfera.
As consequências desse tipo de cenário são desastrosas, as árvores param de sequestrar o carbono, há mudança de clima e isto trará mais eventos de seca ou de tempestades furiosas na América do Sul. A pesquisadora, que também é chefe do programa de estudos latino-americanos da Universidade Johns Hopkins, fez mais do que um anúncio. Ela lançou um alerta ao mundo, e pediu que todos prestassem atenção às políticas do presidente Jair Bolsonaro, que não para de dizer que a floresta, para ele, só faz sentido se promover progresso e desenvolvimento para o país. Tal política, segundo Monica, estaria contribuindo para o aquecimento global e para um desastre sem precedentes na floresta.
Carlos Nobre, um dos principais cientistas climáticos e também pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, disse que a degradação das terras já tem provocado sérios problemas. Ele questionou o cálculo de Monica, segundo o qual o desmatamento estimado quadruplicaria de quase 18 mil quilômetros quadrados neste ano para quase 70 mil quilômetros quadrados até 2021. “Estamos vendo, sim, um aumento no desmatamento, não estou questionando isso. Mas parece-me muito improvável o cálculo feito pela pesquisadora. Este aumento projetado do desmatamento é mais um cálculo econômico do que ecológico”, disse o cientista.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informou que no último mês de agosto a Amazônia Legal perdeu 522 km² de floresta por conta do desmatamento. A devastação foi 220% maior, em comparação com 2011, quando a floresta perdeu 163,35 km² no mês de agosto. Os dados foram contestados pelo presidente Bolsonaro que, no entanto, não apresentou outros números cientificamente provados.
Por Cíntia Ferreira*
*Com informações do G1