Uma expedição inédita do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV-Ufam), em parceria com a Marinha do Brasil e a OAB Amazonas, levou serviços de saúde especializada e assistência jurídica a comunidades indígenas do Amazonas. A ação, intitulada “Expedição Outubro Rosa – Saúde e Cidadania Navegando Juntas!”, foi realizada nos dias 29 e 30 de outubro e marcou um avanço no acesso à saúde e cidadania para povos originários da região.

“Hoje eu estou feliz porque minha gente está tendo um atendimento que nunca teve, uma oportunidade que nunca tivemos, de uma maneira fácil e rápida. Estou feliz e orgulhoso porque vocês vieram até minha comunidade fazer esse atendimento”, afirmou o cacique José Pancrasse, da Comunidade Indígena Nova Esperança.

A operação foi coordenada pelo Núcleo Técnico-Operacional de Saúde Indígena e Povos Originários da Amazônia do HUGV, com foco principal na saúde da mulher, em referência ao Outubro Rosa. No entanto, o atendimento também contemplou homens e crianças com consultas médicas e odontológicas.

Ao todo, cerca de 531 indígenas das comunidades de Barreirinha, Boa Esperança, Kuanã, Nova Esperança, São Tomé, Terra Preta e Três Unidos foram beneficiados. A expedição ocorreu no Polo Base Nossa Senhora da Saúde, do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Manaus, com apoio logístico da Marinha do Brasil.

A Marinha mobilizou o Navio de Assistência Hospitalar Doutor Montenegro, além do Navio Carlos Chagas, lanchas e uma aeronave para o transporte de pacientes e equipes médicas. Um contingente de 140 militares participou da ação, garantindo estrutura para atendimentos médicos, odontológicos e farmacêuticos a bordo.

“Nós estamos com uma estrutura nos navios com atendimento médico, odontológico e farmacêutico para que possamos levar um atendimento especializado à comunidade”, destacou o Comandante da Flotilha do Amazonas, Capitão de Mar e Guerra, Sandir Antônio.

Moradora da Comunidade Indígena São Thomé, Rosinete da Silva Andrade celebrou o atendimento:

“É muito difícil chegar até Manaus e por isso foi muito boa essa facilidade”.

Além da assistência em saúde, a OAB-AM promoveu orientações jurídicas sobre direitos da mulher, previdência, família, trabalho e terras indígenas, além de ações de apoio psicológico, palestras e rodas de conversa.

O superintendente do HUGV, Plínio José Cavalcante Monteiro, afirmou que a expedição será ampliada. “Trata-se de um projeto piloto, pois pretendemos realizar novas ações”, adiantou, mencionando que uma nova edição deve ocorrer em dezembro, como parte de um mutirão nacional da Ebserh.

Para o vice-reitor da Ufam, Geone Maia, a expedição também teve papel essencial na formação acadêmica dos profissionais. “Essa ação não foi apenas um sucesso em termos de assistência à saúde; ela representou um momento importante para o nosso papel como instituição de ensino. Para a formação dos nossos profissionais de medicina, e em especial dos residentes do HUGV, a experiência direta com a população indígena possibilita aos nossos residentes a oportunidade de aprender e aplicar seus conhecimentos em um contexto real, compreendendo as especificidades e desafios da saúde na Amazônia”, concluiu.