Em entrevista ao programa Roda Viva da TV Cultura, nesta segunda-feira (17), o ex-presidente Michel Temer causou polêmica ao citar o termo “golpe” para se referir ao processo de impeachment sofrido pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2016. “Eu jamais apoiei ou fiz empenho pelo golpe, aliás muito recentemente a Folha detectou um telefonema do Lula para mim em que ele pleiteava trazer o PMDB para impedir o impedimento e eu tentei, mas a essa altura a mobilização popular era tão intensa que os partidos já estava vocacionados para o impedimento. Mas esse telefonema mostra que até o último momento eu não era adepto do golpe“, destacou Temer.
O ex-presidente também disse, durante o programa da TV Cultura, que se Lula tivesse assumido a Casa Civil, como foi cogitado à época, os rumos da história teriam sido diferentes.”Se ele (Lula) fosse chefe da Casa Civil, é muito provável, ele tinha bom contato com o Congresso Nacional, que não se conseguiria fazer o impedimento, não se conseguiria fazer o impeachment”, disse Temer. “Disso, eu não tenho dúvida”, ressaltou.
Temer comentou, ainda, que nunca conspirou pelo movimento parlamentar de derrubada de Dilma e que foi presidente por ter sido democraticamente eleito junto a ela em 2014. Sobre a eleição de Jair Bolsonaro para a presidência, Temer disse que não acredita que tenha ligação com os movimentos que tiraram Dilma do poder. “Acontece que, de tempos em tempos, as pessoas querem mudar tudo. Aconteceu com ascensão de Lula, aconteceu agora com Bolsonaro. As pessoas quiseram mudar tudo política e administrativamente”.
Dilma também se manifestou em relação à fala do ex-presidente. “Michel Temer cometeu ontem novo ato de sincericídio no Roda Viva. Admitiu que eu sofri um golpe de Estado e disse que se Lula tivesse ido para o meu governo não teria havido o impeachment. Temer não disse, contudo, que o Golpe de 2016 foi para enquadrar o Brasil no neoliberalismo. E, claro, negou ter participado diretamente do golpe”, afirmou a ex-presidente.
Por Cíntia Ferreira, do Portal Projeta
Assista a entrevista na íntegra: