Um estudo da Avaaz em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) demonstrou um número preocupante: sete a cada dez cidadãos brasileiros acreditam em informações falsas sobre vacinação (67%). O estudo “As Fake News estão nos deixando doentes?”, foi realizado no final do ano passado com o objetivo de investigar a associação entre a desinformação e a queda nas coberturas vacinais verificadas nos últimos anos. Os dados foram apresentados nesta terça-feira (18) à CPI Mista das Fake News, no Senado Federal.
O presidente da CPI, senador Angelo Coronel (PSD), foi o autor do requerimento para a audiência sobre o tema. Ele destacou a necessidade de que a comissão dedique tanta atenção às fake news na área da saúde quanto dedica ao efeito eleitoral delas. “Sei que aqui só ‘ferve’ quando se fala em política, mas um assunto dessa natureza, que atenta contra a vida das pessoas, não pode ser deixado em segundo plano”, ressaltou.
Segundo o levantamento da Avaaz, mais de 21 milhões de pessoas (13% da população maior de 16 anos) haviam deixado de se vacinar ou de vacinar seus dependentes. Entre as fake news mais difundidas estão as afirmações de que vacinas causariam autismo, conteriam grandes quantidades de mercúrio, teriam menos eficiência do que produtos naturais ou seriam uma imposição do governo para controlar a população.
A pesquisa também analisou a atitude em relação à vacinação. A grande maioria, 87%, disse nunca ter deixado de se vacinar ou de vacinar uma criança sob seus cuidados. Embora o índice possa parecer bom à primeira vista, quando extrapolamos os 13% de não-vacinantes para toda a população com 16 anos ou mais, ele passa a representar mais de 21 milhões de pessoas. Entre os que não se vacinaram, 57% relataram pelo menos um motivo considerado como desinformação pelos profissionais da SBIm e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na opinião do presidente da SBIm, Juarez Cunha, o que os números demonstram é a falta de conhecimento prévio para fazer um julgamento adequado do que é correto e incorreto. “Precisamos, profissionais da saúde, sociedades de especialidade e autoridades, ter a mesma disponibilidade para ensinar e esclarecer do que a demonstrada por quem dissemina inverdades. Se não nos empenharmos, é possível vislumbrar um cenário perigoso. O retorno do sarampo já demonstrou isso”, disse.
A pesquisa foi feita pelo Ibope e ouviu 2.002 pessoas, nas cinco regiões do país, ao longo de quatro dias. Todos os entrevistados eram maiores de 16 anos. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.
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Por Cíntia Ferreira, do Portal Projeta