O preço da carne no Brasil registrou alta pelo terceiro mês consecutivo em novembro, acumulando um aumento de 15,43% nos últimos 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE. Essa tendência de alta interrompe um período de queda nos preços da proteína bovina que durou um ano e meio e levanta preocupações para os consumidores em 2025.
Principais cortes impactados
Entre os cortes bovinos mais afetados, o patinho teve a maior inflação, com 19,63%, seguido pelo acém (18,33%), peito (17%) e lagarto comum (16,91%). Curiosamente, o fígado foi o único corte que registrou redução de preço, com queda de 3,61%.
Os 4 fatores que explicam a alta dos preços da carne
Especialistas apontam que a alta nos preços é influenciada por um conjunto de fatores, como o ciclo pecuário, condições climáticas, exportações recordes e o aumento da renda dos consumidores.
Ciclo pecuário: produção limitada e preços mais altos
O ciclo pecuário, que regula a oferta de bovinos no mercado, está em uma fase de baixa produção. Após dois anos de abates intensos, o número de animais disponíveis no campo está diminuindo.
- Alta do ciclo: Quando os preços do bezerro estão elevados, os pecuaristas optam por manter as vacas para reprodução, reduzindo o abate e aumentando os preços.
- Baixa do ciclo: Com queda nos preços do bezerro, mais fêmeas são enviadas ao abate, aumentando a oferta e reduzindo os valores.
Atualmente, a menor quantidade de bezerros disponíveis sinaliza que a oferta de carne continuará restrita em 2025 e 2026. O ciclo de produção da pecuária é longo: um bezerro nascido em 2025 estará pronto para o abate apenas entre 2027 e 2028.
Clima adverso: seca e queimadas prejudicam o pasto
A escassez de chuvas e queimadas intensas em 2024 prejudicaram a formação de pastos, principal fonte de alimentação do gado. Nesses períodos, pecuaristas tendem a confinar o gado e utilizar ração, o que eleva os custos de produção. Contudo, os baixos preços do boi gordo ao longo do ano desestimularam esse investimento, limitando a oferta de animais prontos para o abate.
Exportações em alta: menos carne no mercado interno
O Brasil, maior exportador global de carne bovina, vem batendo recordes de exportação. Em outubro, o país embarcou 301.166 toneladas, maior volume registrado para o mês desde o início da série histórica, em 1997.
A demanda internacional está aquecida, impulsionada por dificuldades de outros grandes exportadores, como Austrália e Estados Unidos, que enfrentam redução nos rebanhos. A Argentina também está retomando gradualmente sua posição no mercado global.
Com mais carne destinada ao mercado externo, a disponibilidade no mercado interno diminui, pressionando os preços para os consumidores brasileiros.
Aumento da renda e demanda interna aquecida
A melhora nas condições econômicas dos brasileiros também contribuiu para a alta dos preços. Com a taxa de desemprego em queda e o aumento da renda média, o consumo de carne voltou a crescer.
Medidas como a valorização do salário mínimo, reajustes em benefícios sociais (Bolsa Família, BPC e Previdência) e o pagamento do 13º salário elevaram o poder de compra da população, especialmente no final do ano, quando o consumo de carne aumenta devido às festas de Natal e Ano Novo.
O futuro do preço da carne
De acordo com especialistas, o aumento nos preços da carne deve persistir em 2025 e 2026, reflexo do ciclo pecuário e da alta demanda. A combinação de exportações aquecidas, limitações climáticas e a recuperação econômica interna aponta para um cenário de preços elevados nos próximos anos.
Acompanhe as atualizações do mercado de carnes e as tendências para o consumidor no Brasil e no mundo.
*Com informações do G1