Garimpeiros ilegais de ouro construíram uma rede de túneis no leste do Amazonas para fugir da fiscalização. Nesta semana, a Polícia Federal encontrou quatro pequenos garimpos subterrâneos que dão acesso a um garimpo principal. Um deles tinha 70 m de profundidade. Lá embaixo, os agentes da PF descobriram diversas galerias que formam corredores debaixo da terra. Cada um deles termina em um ponto onde há ouro para ser explorado. A estrutura é precária, com paredes e teto de madeira.
“No local, dá para ver bem como é perigoso e como ela vai cedendo com o tempo. Perigo de colapso é um perigo. O perigo é acontecer o colapso do túnel mesmo, do teto ceder e matar quem está lá dentro, ou isolar quem está lá na frente retirando o minério. Ela está sendo esmagada pelo peso do solo e devia ter alguma fissura que não suportou o peso”, explica André Toledo, explosivista da PF.
Os agentes colocaram explosivos para destruir o local. “Embaixo da terra o ar fica muito contaminado com gases e com o CO2. Os garimpeiros trazem um cano, que é a linha da vida. Esse cano tem um motor lá fora que bombeia o ar até esse ponto onde eles estão”, detalha Toledo.
Os garimpeiros retiram a terra e colocam em bacias que sobem para fora dos túneis. Ao ar livre, tudo que foi colhido é triturado em máquinas e depois misturado com cianeto, um produto mais tóxico que o mercúrio e que vem sendo utilizado com frequência em garimpos da Amazônia. Depois da mistura, o ouro é separado.
“Foi encontrado por nossas equipes em campo tanto o mercúrio, que tradicionalmente é utilizado para fazer a separação do ouro da rocha, como também pias de cianetação. Essas pias possuem o mesmo efeito do mercúrio, só que de forma muito mais proveitosa e também muito mais prejudicial ao meio ambiente e às pessoas que delas se utilizam”, afirma Adriano Sombra, delegado da PF do Amazonas.
Segundo a PF, em um dos garimpos eram retirados, em média, 8 kg de ouro por semana – o equivalente a R$ 3,2 milhões.
A operação conjunta da PF, Polícia Rodoviária Federal, ICMBio e Ministério Público do Trabalho encontrou 50 homens trabalhando em condições análogas à escravidão.
Segundo a PF, garimpos subterrâneos estão se tornando cada vez mais comuns no Amazonas. Desde 2024, cinco foram localizados e destruídos na região de Maués, no interior do estado. O objetivo dos criminosos é escapar da fiscalização feita por satélite, que identifica essas atividades criminosas na floresta. O próximo passo da investigação é identificar os donos do garimpo.
*Com informações de G1*