A taxa oficial do desmatamento na Amazônia, este ano, alcançou novo recorde e chegou a 11.088 km², o maior índice desde 2008. A alta é de 9,5% em relação ao ano passado.
Levando-se em conta a média dos dez anos anteriores à posse de Jair Bolsonaro, o desmatamento cresceu 70%: de 2009 a 2018, a média apurada foi de 6.500 km² por ano.
O Pará foi o estado com maior taxa de desmatamento (46,8%), seguido do Mato Grosso (15,9%) e o Amazonas (13,7%).
A região sul do Amazonas continua sendo a que apresenta os maiores focos de queimadas e desmatamentos.
Os dados preliminares do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais) foram divulgados nesta segunda-feira, dia 30, com a presença do vice-presidente Hamilton Mourão.
“O resultado provisório do Prodes significa que nós temos que manter a impulsão do nosso trabalho na busca constante para a redução dos índices de desmatamento”, afirmou Mourão.
E completou: “Não estamos aqui para comemorar nada disso, porque isso não é para comemorar”, afirmou o vice, que coordena o Conselho da Amazônia.
Fracasso
Em nota, o Observatório da Clima diz que os dados representam o fracasso da Operação Verde Brasil 2, que envolveu mais de 3.400 militares na região.
“Desde sempre, quando o desmatamento sobe, a gente fica se perguntando o que deu errado nas tentativas de controle do crime ambiental. Desta vez, a gente sabe que a alta aconteceu porque deu tudo certo para o governo”, diz Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
“Esse projeto de destruição tão bem executado custará caro ao Brasil. Estamos perdendo acordos comerciais, transformando nosso soft power literalmente em fumaça e aumentando nosso isolamento internacional num momento em que o mundo entra num realinhamento crítico em relação ao combate à crise do clima”, prosseguiu.
Segundo ele, o governo Bolsonaro funciona como uma máquina de produzir notícias vergonhosas para o país, especialmente na área ambiental. “Bolsonaro é o maior sabotador da imagem do Brasil”, disse.
Mudança climática
O Observatório do Clima diz também que a divulgação da taxa oficializa que o Brasil descumpriu a meta da PNMC (Política Nacional sobre Mudança do Clima), a lei nacional que preconizava uma redução da taxa a um máximo de 3.925 km2 em 2020.
“O país está 180% acima da meta, o que o põe numa posição de desvantagem para cumprir seu compromisso no NDC (Acordo de Paris) a partir do início do ano que vem”, diz a nota do especialista.
Devido ao aumento do desmatamento, o Brasil deve ser o único grande emissor de gases de efeito estufa a ter aumento em suas emissões no ano em que a economia global parou por conta da pandemia.
“Nada disso é uma surpresa para quem acompanha o desmonte das políticas ambientais no Brasil desde janeiro de 2019. Os números mostram que o plano de Jair Bolsonaro deu certo”, ironizou rede, composta por 56 organizações não governamentais e movimentos sociais.
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Com informações da Agência Brasil e Portal BNC*