Em entrevista à BBC de Londres, o prefeito David Almeida destacou a importância da Zona Franca de Manaus (ZFM) na preservação da Floresta Amazônica. O modelo econômico vem sofrendo ataques por parte do Governo Federal.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE), em maio deste ano, a Amazônia bateu o recorde desmatamento pelo segundo mês seguido. Em abril, os alertas de desmatamento totalizaram 580km² de destruição na floresta, o que significa um aumento de quase 43% na devastação em relação ao mesmo mês em 2020.
David defendeu que o modelo econômico da ZFM serve como proteção para a floresta, já que o foco se torna a indústria, e não a exploração dos recursos naturais. A Floresta Amazônica está presente em seis estados da federação(Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Pará e Roraima), e o Amazonas é o que mais preserva comparado aos demais.
“Noventa e sete por cento de todo o território do Amazonas é preservado. Os 4,5 milhões de amazonenses vivem em 3% da floresta. Somos exemplos de preservação ambiental e referência para o mundo. Com relação às queimadas, a ‘Amazônia’ é muito ampla, está em diversos estados, o que estamos falando é do estado do Amazonas, o Estado que mais preserva. O maior projeto de preservação ambiental do mundo chama-se Zona Franca de Manaus, porque, com a vinda da indústria, a economia está fincada na indústria, importação e exportação, isso fez com que as pessoas se voltassem para essa finalidade”, destacou.
Apesar da contribuição econômica e ambiental, o modelo vem sofrendo ataques no atual governo Bolsonaro, em especial pelo ministro da economia, Paulo Guedes, que já demonstrou ser contra a ZFM. Entre as medidas de desvalorização, estão a redução da alíquota de importação para produtos eletroeletrônicos, a redução do Imposto de Importação de bicicletas e o mais recente foi a MP 1034/2021 que inclui uma inovação para não considerar como exportação a venda de derivados de petróleo de fora para dentro da Zona Franca.
O 2º vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), denunciou o fato e afirmou que a medida afeta o modelo. “Isso prejudica a ZFM e contraria a decisão do STF, que considera constitucional que todas as vendas de fora da ZFM para dentro são exportação”.
Em uma transmissão ao vivo, no dia 20 de maio, o próprio presidente chegou a ameaçar a Zona Franca ao criticar a CPI da Covid-19 no Senado. “Imagine Manaus sem a Zona Franca, hein senador Aziz? Você que fala tanto na CPI, senador Eduardo Braga. Imagine aí o Estado, ou Manaus, sem a Zona Franca?”, declarou.
Dados da Suframa, do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam) e Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam) apontam que, atualmente, a Zona Franca emprega mais de 500 mil trabalhadores de forma indireta e direta. Com o fim do modelo, além de afetar a economia local, o desemprego teria níveis elevados no Estado do Amazonas.