O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse na quarta-feira (1º) que máscaras de proteção podem servir como barreira eficiente para a população em geral contra o coronavírus. A sugestão de Mandetta tem como foco o uso de máscaras alternativas, preservando as cirúrgicas e as N95 para os profissionais de saúde.
O G1 ouviu especialistas e consultou órgãos como Anvisa e OMS para montar um tira dúvidas, incluindo os pontos positivos e negativos do uso das máscaras pela população em geral.
Por que antes as máscaras não eram recomendadas para a população em geral?
Seguindo orientações da OMS, o Ministério da Saúde e a maioria dos especialistas apontavam o risco de um uso irregular das máscaras pela população em geral. Não utilizada da maneira correta, a máscara pode ficar contaminada e expor as pessoas ao coronavírus.
Outra preocupação da pasta era quanto à falta do produto no mercado, já que inúmeros profissionais da saúde denunciavam que não estavam tendo acesso às máscaras e outros itens de segurança individual. A dificuldade na importação dos produtos da China é um ponto de atenção.
O que afirmam os que são a favor do uso geral das máscaras descartáveis?
As máscaras descartáveis foram recomendadas para uso geral em outras epidemias na Ásia, como a de H1N1, depois que estudos mostraram que o item, quando associado com lavar as mãos e evitar aglomerações, diminuía as transmissões de gripe.
Isso porque, mesmo que seja uma barreira de baixa proteção, ainda é uma barreira, se usada da maneira correta e junto das demais medidas de proteção. Além disso, no caso do coronavírus, como muitas pessoas infectadas não apresentam sintomas e não sabem que estão com a Covid-19, a máscara para uso geral pode ajudar a conter a transmissão causada pelas pessoas que não têm sintomas.
Por que a máscara cirúrgica pode ser vetor de contaminação?
Um dos motivos pelos quais a máscara pode ser vetor de contaminação é o uso inadequado dela. “As pessoas podem se sentir incomodadas porque não estão acostumadas ao uso, levando as mãos ao rosto com maior frequência e de forma errada”, diz o especialista do Serviço de Alergia/Imunologia da Santa Casa do Rio de Janeiro, Thiago Luiz Bandeira.
Segundo o alergista Marcello Bossois, a máscara também pode desmobilizar as pessoas em relação à higienização periódica das mãos por uma “falsa sensação de maior proteção durante o uso”.
Não tenho Covid-19. A máscara cirúrgica pode me proteger?
De forma limitada, mas pode. Isso porque o coronavírus é transmitido através de gotículas eliminadas por meio da tosse, espirro ou pela fala. Apesar de não filtrarem o ar, a máscara descartável pode servir de barreira para impedir que essas gotículas entrem em contato com as mucosas da boca e do nariz.
“A máscara também ajuda a evitar que a pessoa encoste a mão no rosto”, diz o epidemiologista André Ricardo Ribas Freitas, professor da Faculdade São Leopoldo Mandic.