Nos meses de março, abril e maio deste ano mais de 38,240 mil demissões foram registradas no mercado de trabalho no Amazonas, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Durante o período, o Estado viveu um dos cenários mais críticos da pandemia do coronavírus, que até esta sexta-feira já infectou mais de 95,4 mil pessoas em todo o Estado, de acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS/AM).
A crise no sistema de saúde obrigou o Governo a tomar medidas contra a propagação do vírus, como a suspensão temporária do comércio de atividades não essenciais, levando empresas a realizarem demissões no quadro de funcionários, para reduzir os gastos. Com isso, houve um aumento de 24,4% no número de demissões, em comparação com o mesmo período do ano passado, quando 30,723 mil foram desligadas do mercado de trabalho.
Um levantamento apresentado no mês de maio pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) mostrou que houve redução total ou parcial no quadro de funcionários de empresas nos setores de serviços, comércio, varejo de alimentos, e ainda o setor de bares e restaurantes.
Especialistas consultados pelo G1 citaram a baixa demanda pelo consumo, resultante do fechamento do comércio como um dos fatores para a queda no número de funcionários nas empresas do Amazonas. Segundo o economista Willander Buraslan, o período mais crítico foi nos dois primeiros meses da pandemia, quando houve a suspensão das atividades não essenciais, mas essa realidade, conforme explicou o especialista, já começou a se redesenhar.
“A crise econômica consequente do covid-19 atingiu boa parte das empresas do Amazonas, principalmente o setor de comércio e serviços, pois com o isolamento social e as incertezas econômicas no curto prazo, os amazonenses buscaram restringir o consumo a itens essenciais”, explicou.
Uma dessas pessoas que perdeu o emprego foi Taylanna Monteiro. Ela trabalhava como assistente financeiro em uma concessionária e contou ao G1 que foi demitida no início da pandemia do coronavírus, no mês de abril, e desde então passou a trabalhar por conta própria, com revenda de produtos de cosméticos.
“Deram férias para alguns funcionários, e no retorno das férias fizeram as demissões, foram uns 15 ou mais demitidos. No momento, trabalho com com a venda de produtos de beleza. Essa foi a forma que encontrei para ter uma renda, embora as pessoas estejam um pouco afastadas das compras”, disse.
Ainda de acordo com os dados disponíveis no Caged, 7,517 mil pessoas saíram do mercado de trabalho entre março e maio de 2020. O mês em que houve mais demissões foi abril, quando o Amazonas atingiu o pico da pandemia do coronavírus. Março registrou 13,6 mil demissões. Em abril, 14,2 mil pessoas foram desligadas do mercado de trabalho. E em maio, notou-se uma redução, com 10,3 mil demissões. Especialistas atribuíram a mudança no comportamento dos números à reabertura gradual do comércio, que iniciou em 1º de junho.
“O diagnóstico é que a rápida retomada da economia após o início de junho tenha auxiliado na redução de desligamentos em Maio, tendência que deve continuar em junho e julho, principalmente pela retomada da confiança do amazonense em frequentar locais comerciais e retomar suas atividades de trabalho mantendo os cuidados necessários para a saúde”, disse Buraslan.
Estima-se, segundo dados da Secretaria de Estado da Fazenda que a economia do estado sofreu, nos meses de maio e junho deste ano uma queda de 35% e perdeu R$ 600 milhões em arrecadação tributária, dinheiro destinado à manutenção de serviços públicos, como a saúde. Com a retomada das atividades, a expectativa é que, aos poucos, aconteça uma retomada da economia, no entanto, o cenário ainda é de incertezas em todos os setores.
Com informações do G1*