Ministério da Saúde se omitiu sobre crise de oxigênio em Manaus
Há pelo menos onze indícios que reforçam a ideia de que o Ministério da Saúde tinha conhecimento prévio sobre a grave crise de escassez de oxigênio em Manaus e se omitiu. A Folha divulgou no último final de semana mais informações que comprovam a tese. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, é inclusive nvestigado em inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF).
Os 11 indícios divulgados pela Folha
1- Email da White Martins, em 11 de janeiro, pedindo a coronéis do Ministério da Saúde “apoio logístico imediato” para transporte de oxigênio;
2- Email da White Martins, em 7 de janeiro, apontando a escalada da escassez de oxigênio. Ministro disse que email chegou no dia 8. Depois, gabinete mudou a versão. Mensagem só teria chegado três dias após o colapso;
3- Relatório de ações referentes ao período de 6 a 16 de janeiro, assinado pelo ministro, em que diz ter detectado “gravíssima situação dos estoques de oxigênio hospitalar em Manaus”, “logo no início do período”;
4- Visita de Pazuello a instalações da White Martins em Manaus;
5- Reunião do general e de coronéis do Ministério da Saúde com representantes da White Martins em Manaus;
6- Documento de diretor jurídico da White Martins ao MPF no Amazonas, em que aponta ter havido informação e registro da situação “junto às autoridades públicas que estão à frente da questão junto ao estado do Amazonas e ao governo federal”, além de “reuniões periódicas com comitê de crise do governo federal”;
7- Relatório do centro de operações da secretaria-executiva do ministério, referente a ações em 10 de janeiro, com registro sobre “prioridade zero” no suprimento de oxigênio aos hospitais;
8- Chamada telefônica da Secretaria da Saúde do Amazonas ao ministério pedindo ajuda com oxigênio;
9- Plano de contingência com registro de “estrangulamento” no fornecimento de oxigênio;
10- Constatação de uso inadequado de oxigênio por grupos independentes mandados ao Amazonas;
11- Relatórios da Força Nacional do SUS com registros da escalada da crise entre os dias 8 e 13 de janeiro, até o colapso no dia 14.
Alguns indícios estão em um relatório assinado pelo próprio Eduardo Pazuello em um documento da secretaria-executiva da pasta, em um plano de contingências montado para lidar com a crise no Amazonas, em relatórios de grupos independentes enviados ao estado e em emails e documentos da White Martins, empresa contratada pelo governo local para abastecer de oxigênio as unidades de saúde.
De acordo com a Folha, um diretor da White Martins teria enviado um email ao Ministério da Saúde pedindo “apoio logístico imediato” para transportar 350 cilindros de oxigênio gasoso, 28 tanques de oxigênio líquido, 7 isotanques e 11 carretas com o insumo a Manaus. A mensagem foi enviada no dia 11 de janeiro e não foi atendida em sua maior parte. Três dias depois, o sistema colapsou e pacientes morreram asfixiados nos hospitais da capital amazonense. O ministro de Bolsonaro esteve em Manaus entre 10 e 13 de janeiro. O colapso ocorreu no dia 14.
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Por Cíntia Ferreira, do Portal Projeta
*Com informações da FolhaPress