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    Negros ainda ganham menos, mas já são maioria na universidade pública

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    O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta quarta-feira (13), por meio do informativo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, dados que revelam a situação dos negros no país. A pesquisa demonstrou que, em 2018, a proporção de pessoas pretas e pardas (classificadas como população negra) que estão em cursos de ensino superior públicos no Brasil, chegou a 50,3%. Em relação aos rendimentos, a média salarial dos brancos é de R$ 2.796 e dos pretos e pardos de R$ 1.608, somando uma diferença de 73,9%. Na comparação apenas entre quem tem curso superior, os bancos ganham, por hora, 45% a mais do que os pretos e pardos.

    Na opinião do pesquisador do IBGE Claudio Crespo, a melhora nos indicadores dos negros é relevante, mas como a desigualdade é histórica e estrutural, os ganhos para a população preta ou parda só aparecem com organização e mobilização social e políticas públicas direcionadas. “A intervenção de políticas públicas é um fator essencial para a redução dessa desigualdade. Onde há avanços percebidos, apesar da distância que ainda reside, são espaços em que houve intervenção de políticas públicas e também organização do movimento social para a conquista de uma sociedade mais igualitária. Como as cotas para acesso ao nível superior”, explicou.

    A população negra representa 55,8% dos brasileiros. Essa foi a primeira vez que os pretos e pardos ultrapassam a metade das matrículas em universidades e faculdades públicas. O levantamento também revelou que a taxa de analfabetismo de pessoas negras acima de 15 anos caiu de 9,8% em 2016 para 9,1% em 2018. Entre os brancos, a taxa é de 3,9%. A pesquisa foi realizada com base nas informações do suplemento de educação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – Contínua (Pnad Contínua), que começou a ser aplicado em 2016.

    A pesquisa mostra, ainda, que a população negra está melhorando seus índices educacionais, tanto de acesso como de permanência, apesar de ainda se manter bem atrás dos índices medidos entre as pessoas brancas.

    Outros percentuais

    O percentual de crianças pretas ou pardas de até 5 anos que frequentam creches ou escolas passou de 49,1% para 53%, enquanto 55,8% das crianças brancas estão nessa etapa da educação. Nos anos iniciais do ensino fundamental, para crianças de 6 a 10 anos, não há diferença significativa, com 96,5% das brancas e 95,8% das pretas ou pardas frequentando a escola.

    Na representação política, os pretos e pardos também ficam muito atrás dos brancos, com apenas 24,4% dos deputados federais eleitos em 2018 tendo se declarado negros. Entre os deputados estaduais, o número sobe para 28,9% e, entre os vereadores eleitos em 2016, o índice sobe, com 42,1% tendo se declarado preto ou pardo. Os dados de cor ou raça só começaram a ser coletados pela Justiça Eleitoral em 2014, com a pergunta inserida na inscrição da candidatura.

    Os dados demonstraram também que a população negra tem 2,7 mais chances de ser vítima de assassinato do que os brancos. E, de acordo com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, foram registradas 255 mil mortes de pessoas negras por assassinato nos seis anos analisados.

    Por Cíntia Ferreira, do Portal Projeta

     

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