O governo da Venezuela e a oposição concordaram em estabelecer um grupo de trabalho permanente para tentar tirar o país do impasse político, após concluírem uma rodada de negociações em Barbados, na quinta-feira (11).
Representantes do presidente Nicolás Maduro e do líder da oposição Juan Guaidó — reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, incluindo o Brasil — se reuniram em Barbados desde a última segunda-feira (8), como parte das negociações iniciadas em maio em Oslo, na Noruega.
“Como parte deste processo, instalou-se uma mesa que irá trabalhar de forma rápida e contínua, a fim de chegar a uma solução acordada no marco das possibilidades oferecidas pela Constituição”, afirmou em nota o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Noruega, que medeia as negociações. “Está previsto que as partes façam consultas para avançar na negociação.”
Na nota, o governo norueguês instou as partes a tomarem extrema cautela em seus comentários e declarações sobre o processo. Horas antes, o ministro da Informação, Jorge Rodriguez, que liderou a delegação do governo, confirmou que a rodada de negociações de Barbados havia sido concluída.
“O povo venezuelano precisa de respostas e resultados”, escreveu, por sua vez, Stalin González, legislador e membro da delegação da oposição no Twitter após a declaração da Noruega. “Nossa delegação realizará consultas para avançar e acabar com o sofrimento dos venezuelanos.”
Igreja pede saída de Maduro
As novas negociações provocaram uma onda de rumores de que a realização de novas eleições esteja finalmente sendo discutida para resolver o impasse político que tomou conta do país desde janeiro, quando Maduro tomou posse para um segundo mandato, não reconhecido pela oposição, e Guaidó, líder da Assembleia Nacional de maioria opositora, se autoproclamou presidente interino.
De acordo com fontes do governo, uma das principais questões é a convocação de novas eleições em um prazo de um ano ou menos. Fontes próximas a Guaidó, por sua vez, revelaram à CNN que uma das condições é que Maduro não seja candidato.
Diosdado Cabello, nome forte do governo, rejeitou na quarta-feira (10)a ideia de que qualquer eleição presidencial esteja sendo discutida.
“Aqui não há eleições presidenciais; aqui o presidente se chama Nicolás Maduro”, disse durante uma transmissão televisionada.
A Igreja católica venezuelana, por sua vez, exigiu nesta quinta-feira a saída do presidente e um novo pleito. “A Venezuela clama aos berros por uma mudança de rumo. Essa mudança exige a saída de quem exerce o poder de forma ilegítima e a eleição no menor tempo possível de um novo presidente”, afirmou a Conferência Episcopal em uma declaração lida no início de uma assembleia ordinária.
“Maduro deve se retirar da Presidência para que sejam realizadas realmente eleições livres”, acrescentou o arcebispo Jesús González, em entrevista coletiva.