domingo, outubro 6, 2024
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    Guedes diz que não vai deixar ‘Brasil desarrumado’ pela Zona Franca

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    Em uma entrevista concedida à Globo News, na noite de quarta-feira (17), o Ministro Paulo Guedes deixou clara suas intenções de acabar com a competitividade da Zona Franca de Manaus. O Ministro pretende zerar os impostos, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), privilegiando, assim, outros estados brasileiros.

    A declaração de Guedes foi feita após questionamento da jornalista Miriam Leitão sobre o que seria feito da Zona Franca se ele levasse adiante a sua ideia de acabar com o IPI.

    O Ministro da Economia respondeu: “Mas olha que coisa linda que você está dizendo. Você vai mexer na Zona Franca? Não! Não vou mexer! Está na Constituição, tá lá. Mas e se os impostos caírem todos pra zero? Eu não mexi na zona franca de manaus”. E completou: “Isso quer dizer que eu não vou simplificar impostos no Brasil por que se não… quer dizer que tenho que deixar o Brasil bem ferrado, bem desarrumado, por que se não, não tem vantagem pra Manaus? Não existe isso.”

    A isenção de impostos na ZFM é um diferencial que permite com que indústrias se instalem no Amazonas, fomentando a economia do Estado e criando empregos. Sem esse atrativo, as indústrias não têm mais motivos para continuarem por aqui.

    Criada há 52 anos para alavancar a economia do interior do país, a Zona Franca emprega, diretamente, quase 90 mil trabalhadores num parque fabril de cerca de 400 empresas e, em 2018, fechou o ano com um faturamento de R$ 85 bilhões.

    Políticos do Amazonas contestam declaração

    A bancada do Amazonas no Senado manifestou seu repúdio à declaração do ministro.

    O senador Omar Aziz (PSD) atacou o Ministro Paulo Guedes nesta quinta-feira (18). Em uma entrevista para a Rádio Tiradentes, Aziz disse que Guedes “não tem compromisso com o Brasil, tem compromisso com os banqueiros. Só pensa no lucro”.

    O congressista também afirmou que o Governo “não terá vida fácil” na Comissão de Assuntos Econômicos. “Na comissão de Assuntos Econômicos que eu presido, o governo não terá vida fácil comigo”, disse o senador. Ele completa ressaltando que a bancada do Amazonas pode não ter uma composição que influencie em votações, mas que tem, hoje, presidências de importantes comissões no Congresso.

    “Oito votos dos deputados federais e três votos dos senadores pouco muda uma composição numa votação da reforma da Previdência. Nós não temos uma bancada de 40, 50 deputados, mas temos hoje as presidências de importantes comissões no Congresso”, completou Aziz.

    O senador Eduardo Braga (MDB), por meio de suas redes sociais, explicou ao ministro que “assegurar as vantagens comparativas da ZFM não significa “ferrar” o Brasil. Proteger um dos mais bem-sucedidos programas de preservação ambiental do mundo representa, sim, resguardar a vida de milhões de cidadãos e as futuras gerações”.

    Braga ainda lançou um desafio à Guedes: um debate aberto.

    “Nós, amazônidas, lançamos ao senhor um desafio: nos chame para um debate aberto e aprenda conosco a fazer a economia crescer sem colocar em risco esse patrimônio que, por incrível que pareça, também é seu”, escreveu o senador em sua rede social.

    Para o senador Plínio Valério (PSDB), Paulo Guedes deixou claro que “vai matar a Zona Franca de Manaus por asfixia” ao mudar o sistema tributário nacional, zerando, assim, os subsídios e incentivos dados às empresas que atuam no Polo Industrial.

    Plínio ainda chama o ministro de “mestre de Chicago”, e afirma que o mesmo nada entende de Amazônia.

    Governador do AM diz estar ‘indignado’

    Usando sua rede social para se pronunciar, o governador Wilson Lima reforçou que o Polo Industrial de Manaus representa 80% das atividades econômicas do estado. E, por conta disso, 97% da Floresta Amazônica está preservada.

    “Estou muito indignado com as palavras do ministro da Economia durante uma entrevista, onde ele ataca a ZFM, que é um dos modelos mais bem sucedidos de desenvolvimento econômico da Amazônia, de acordo com um recente estudo feito pela FGV”, disse o governador.

    Lima diz que é preciso evitar a tomada de decisões que demonstrem uma ameaça a competitividade das empresas instaladas na ZFM. “E quando se fala em proteção aos incentivos a Zona Franca, não é só garantir o que está na constituição, é evitar a tomada de decisões que possam afetar a competitividade das empresas que estão instaladas aqui”, ressaltou Lima.

    O governador termina afirmando que “vai continuar lutando para defender os empregos do povo dessa região”.

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