Canutama, Humaitá, Lábrea e Manicoré somam 57% da madeira retirada de forma irregular
Entre agosto de 2022 e julho de 2023, quatro municípios na área de influência da rodovia BR-319 concentraram 57% da extração ilegal de madeira no Amazonas. Canutama, Humaitá, Lábrea e Manicoré foram responsáveis por um total de 22.212 hectares de floresta explorados de forma não autorizada, o equivalente a mais de 22 mil campos de futebol.
Os dados fazem parte do estudo “Monitoramento da degradação florestal no Interflúvio Madeira-Purus: análise da exploração madeireira”, realizado pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam). O estudo revelou que a exploração madeireira ilegal continua sendo um dos principais fatores de degradação na Amazônia, comprometendo a biodiversidade e a qualidade ambiental das florestas.
Principais Municípios e Volume de Extração Ilegal
O levantamento identificou que, durante o período analisado, foram explorados 50.037 hectares de floresta no estado, dos quais 36,8 mil hectares (77%) foram explorados ilegalmente. Lábrea liderou com 12.377 hectares (32% do total ilegal no estado), seguida por Manicoré, com 7.239 hectares (19%), Humaitá, com 1.387 hectares (4%) e Canutama, com 1.208 hectares (3%).
Esses números indicam que a maior parte da extração ilegal no estado está concentrada nos municípios da área de influência da BR-319, refletindo a falta de fiscalização efetiva e a pressão sobre as florestas devido à expansão de estradas e ramais.
Impactos em Áreas Protegidas
Além das áreas de floresta pública e privada, o estudo também destacou que a degradação atinge áreas protegidas, como Terras Indígenas (TIs) e Unidades de Conservação (UCs). Terras indígenas como Jacareúba-Katawixi, Kaxarari e Tenharim-Marmelos tiveram cerca de 8.170 hectares degradados. Já os Parques Nacionais Mapinguari e Campos Amazônicos, onde a exploração madeireira é proibida, apresentaram 1.736 hectares de áreas degradadas.
A facilidade de acesso promovida pela BR-319 e seus ramais é apontada como um fator que facilita o transporte e o corte ilegal de madeira em áreas protegidas. A falta de fiscalização intensiva e de controle sobre essas áreas agrava a situação, resultando em altos níveis de exploração ilegal.
Desafios e Necessidade de Políticas Públicas
A análise reforça a necessidade urgente de políticas públicas mais eficazes para combater a extração ilegal de madeira no Amazonas. Segundo Heitor Pinheiro, analista do Idesam, o cenário é alarmante, principalmente devido à exploração dentro de UCs e TIs. Ele aponta a falta de fiscalização e a transparência insuficiente nos processos de licenciamento como fatores que agravam a ilegalidade.
Para reduzir a degradação, o estudo sugere o fortalecimento das leis ambientais, a intensificação da fiscalização e a promoção de alternativas econômicas sustentáveis para as comunidades locais, com o objetivo de preservar as florestas e mitigar os impactos das mudanças climáticas.
O estudo completo pode ser acessado em: Observatório BR-319.
*Com informações da Up Comunicação