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    Juiz manda soltar suspeito no Caso Dom e Bruno

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    O juiz Fabiano Verli, da Justiça Federal do Amazonas, determinou, na última quinta-feira (6), a soltura de um pescador identificado como “Colômbia”, preso em julho deste ano, em Tabatinga (AM), por uso de documento falso. O homem é investigado por envolvimento nos assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips.

    Para deixar a prisão, Colômbia deverá pagar fiança de R$ 15 mil, usar tornozeleira eletrônica e entregar o passaporte à Polícia Federal. O pescador também está proibido de viajar para fora do país. Ele deverá cumprir prisão domiciliar por tempo integral em residência em Manaus e comparecer mensalmente à sede da Justiça federal para demonstrar estar à disposição.

    De acordo com Verli, Colômbia criou um “problemão” para si ao apresentar documento de identificação falso em depoimento à Polícia Federal no âmbito das investigações sobre o Caso Dom e Bruno. “É verdade que a conduta do preso é lastimável. Ele criou esse problemão para si. Não foi o MPF ou a PF”, disse o magistrado.

    Colômbia foi preso no dia 7 de julho na delegacia federal do município de Tabatinga, no oeste do estado. Segundo a Polícia Federal, ele compareceu espontaneamente para prestar esclarecimentos a respeito de notícias que atribuíram o nome dele às mortes de Dom e Bruno, mas, na ocasião, apresentou documentos falsos de identificação.

    De acordo com a Polícia Federal, inicialmente, o homem apresentou um documento brasileiro emitido em dezembro de 2008 com o nome “Rubens Villar Coelho” e naturalidade de Benjamin Constant, no Amazonas. No entanto, durante o depoimento, ele se contradisse ao afirmar que tinha nascido na Colômbia, o que chamou a atenção dos policiais.

    O homem foi questionado pelos investigadores sobre as divergências nas informações prestadas e apresentou um novo documento, dessa vez de origem colombiana, com dados diferentes do primeiro. Conforme a Polícia Federal, o segundo documento tinha o nome de “Ruben Dario da Silva Villar” e naturalidade de Puerto Nariño, município colombiano.

    No dia 29 de setembro, Verli cobrou explicações do MPF sobre a demora na identificação do pescador. O juiz pediu documentos sobre “o que já foi feito, o que já foi conseguido, o que não foi conseguido, eventuais pendências” e afirmou que a prisão preventiva do pescador estava baseada “nesta incerteza, que, claro, não será eterna e provavelmente não tão difícil de ser sanada”.

    A defesa de Colômbia pediu a liberdade provisória dele sob o argumento que ele tem casa em Tabatinga, local da prisão, trabalho lícito e que não há justificativa para mantê-lo preso. O MPF, no entanto, se manifestou contra, alegando que o homem é perigoso, responde a uma acusação de associação criminosa, tem múltiplos documentos de identificação e pode fugir.

    Ao analisar o pedido, o juiz sustentou que a “prisão deve ser a exceção” e que já existe documentos relativos a Colômbia “por onde se começar uma busca em caso de fuga”. Verli também argumentou que o fato de ele ser alvo de investigação e ter nacionalidade estrangeira não pode ser apontado como motivo para possível fuga.

    “As investigações que pairam sobre o preso não são triviais. A sua nacionalidade estrangeira não é trivial quando se fala em estímulo a possível fuga. O seu hábito de criar documentos falsos não é trivial quando se refere à análise de sua personalidade, de suas intenções e da possibilidade de a fuga ser uma opção”, disse Verli.

    Em agosto deste ano, Colômbia se tornou réu por uso de documento falso e falsidade ideológica. O juiz Fabiano Verli aceitou a denúncia contra o pescador apresentada pelo MPF (Ministério Público Federal). “A narrativa é coesa e os elementos probatórios são fortes. Presentes os indícios de autoria e materialidade, recebo a denúncia”, disse Verli.

    Na denúncia, a qual o ATUAL teve acesso, o MPF aponta como documento falso a cédula de identidade brasileira, emitida pelo Instituto de Identificação do Amazonas. Segundo o MPF, para emitir esse documento, o homem usou uma falsa certidão de nascimento emitida em um cartório de Benjamin Constant em setembro de 2005.

    De acordo com o MPF, a emissão dessa certidão teve por base as declarações do próprio pescador e das testemunhas que compareceram ao cartório naquela época, Marcelo Peres Mendes e Raquel Gomes Florentino. Apesar de ter se apresentado como Rubens Villar Coelho, Colômbia assinou na matrícula da certidão como “Rubens Dario da Silva Villar”. Veja os dois documentos.

    Documentos apresentados por Colômbia à Polícia Federal (Foto: Reprodução/MPF)

    O MPF afirma ainda que o Consulado do Peru em Tabatinga informou haver outro documento emitido em nome de Colômbia, atribuindo ao pescador uma terceira nacionalidade, de peruano. Conforme a denúncia, o documento está em nome de Ruben Dario da Silva Vilar, que teria nascido Loreto/ Mariscal Ramon Castilla/ Yavari, Peru, de pais peruanos.

    Leia mais:
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