Especialistas apontam para a necessidade de a iluminação estar adequada e harmônica com o meio ambiente
As luminárias de LED (sigla em inglês para Diodo Emissor de Luz) que estão sendo utilizadas na modernização da iluminação pública de municípios do interior do Amazonas atendem aos critérios de preservação da biodiversidade.
A Temperatura de Cor Correlata (TCC) das luminárias, ou seja, a sua percepção visual, é de 5.000 K (Kelvin), que proporciona mais luminosidade, sem ameaçar as plantas e espécies animais, como insetos, anfíbios, peixes, pássaros e morcegos. A temperatura de cor varia em uma escala de 1.000 K (amarelado/luz quente) a 10.000 K (azulado/luz fria).
Quanto mais alta, mais clara é a tonalidade e mais semelhante está da luz do sol. Conforme a Portaria nº 20 do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), as luminárias públicas de LED devem ter a aparência de cor entre 3.000 K e 6.500 K, sendo a primeira mais adequada para regiões frias, como o Sul do Brasil, e a segunda para áreas quentes, como a região Norte.
O programa de modernização da iluminação pública do interior é executado pela Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) do Governo do Amazonas e já alcança 16 municípios e 22 comunidades rurais. “A meta é chegarmos a 27 cidades até o fim do ano e manter a expansão para, em 2023, atingirmos todos os 61 municípios do interior”, explica o coordenador executivo da UGPE, engenheiro civil Marcellus Campêlo.
Benefícios ao ecossistema – Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux), em níveis acima de 5.000 K, considerada uma luz branca ‘fria’, a luminosidade artificial no período noturno poderia causar a dispersão ou serviria como armadilha para insetos e, consequentemente, afetaria o ecossistema característico da região amazônica. Equipamentos com a temperatura máxima permitida também podem ser prejudiciais à visibilidade dos motoristas no sistema viário.
A Abilux destaca que é importante que haja qualificação adequada dos equipamentos para que estejam harmônicos com o meio ambiente. “A população amazônica dos municípios e comunidades ribeirinhas, bem como as dos vários municípios do Brasil, merecem a instalação de sistemas de iluminação modernos e inovadores que permitam um impulso ao seu desenvolvimento”, destaca a instituição.
O diretor da Associação para Conservação da Vida Silvestre( WCS-Brasil) e Mestre em Ecologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Carlos Durigan, explica que, dependendo da intensidade da iluminação urbana, pode haver alterações no comportamento da vida silvestre, gerando influências no período reprodutivo e causando estresse e maior exposição a acidentes e aos predadores.
Entretanto, os impactos são menores em cidades do interior e, com a adequação da temperatura de cor aos padrões aceitáveis, os benefícios são superados. “A iluminação urbana sempre vai causar algum impacto, mas por ser uma necessidade para quem vive na cidade, temos que considerar a relação entre custos e benefícios. Quanto mais pudermos reduzir os custos, inclusive os ambientais, melhor a qualidade e a sustentabilidade dos benefícios”, destaca o especialista.
O engenheiro eletricista e diretor operacional da Avanço Construções, empresa que executa os trabalhos no Amazonas, Anderson Bittencourt, explica que o programa de modernização da iluminação pública atende outros critérios, além da percepção da luminosidade. “O programa respeita todos os critérios mínimos exigidos, como o fluxo luminoso. O Índice de Reprodução de Cor (IRC) tem que ser igual ou superior a 70. O fluxo luminoso tem que ser igual ou superior a 140 lúmens por watt. A questão mecânica, como o Índice de Proteção (IP) contra água projetada em fortes jatos, tem que ser, obrigatoriamente, igual ou superior ao IP 66.
O índice de proteção mecânica (IK) contra quedas, marretadas ou atos de vandalismo, tem que ser igual ou superior a 08. Independente da temperatura, você não pode abrir mão das características fotométricas e mecânicas mínimas”, afirma. Outras vantagens – As lâmpadas a vapor de mercúrio, sódio e metálica, comumente usadas na iluminação pública das cidades do interior, foram ultrapassadas pela nova tecnologia de LED.
Além de proporcionar mais luminosidade do que as lâmpadas convencionais, o LED também representa economia de dinheiro para os cofres públicos e de consumo de energia elétrica. A alta eficiência energética das luminárias de LED possibilita redução significativa em mais de 50% no consumo, podendo chegar a 70%, conforme a aplicação. “Esta redução traz vários benefícios: menor geração de energia, menor investimento em transmissão e distribuição, tempo de vida útil mais longo e, especialmente, menor consumo.
Adicionalmente, a luminária LED não contém mercúrio e, portanto, não necessita das mesmas precauções para disposição pós vida útil”, reforça a Abilux, que representa a indústria de iluminação. Telegestão – A Abilux chama a atenção, ainda, para a possibilidade de implantação da gestão inteligente (telegestão) da iluminação pública, de modo que a luminosidade atenda, cada vez mais, às necessidades da população local e da biodiversidade. “Vai ter que ser observado, em cada município, o horário que deve ou não deve ser desligada a iluminação. Deve ficar permanente? Deve ser dimerizada para um nível menor?”, explica o diretor executivo da Abilux, Marco Poli.
As luminárias de LED que estão sendo implantadas na iluminação pública do interior do Amazonas permitem a telegestão pela prefeitura local, ou seja, o controle do parque de iluminação de forma remota. A gestão inteligente permite ao município controlar o fluxo luminoso, aumentando ou diminuindo a luminosidade de determinadas vias, a chamada dimerização.