A Câmara dos Deputados vota, na noite desta terça-feira(10), a proposta de emenda à Constituição (PEC) do voto impresso. Mas como vai funcionar na prática, caso a mudança seja aprovada?
A partir das eleições de 2022, os números que cada eleitor digitar na urna eletrônica serão impressos e os papéis depositados de forma automática numa urna de acrílico. A ideia é que, em caso de acusação de fraude no sistema eletrônico, os votos em papel sejam apurados manualmente.
Inconvenientes do voto impresso
O presidente do TSE, ministro Luís Barroso, apontou uma contradição apresentada para quem defende a impressão do voto.
“O voto impresso sairia da mesma urna eletrônica que estaria sob suspeita. Portanto, quando se frauda o eletrônico, frauda-se também o impresso. É um paradoxo [duvidar do voto eletrônico, mas confiar no impresso]”, disse.
O TSE apontou três problemas que podem ser causados com o voto impresso. O primeiro é que ele tem mais chances de ser fraudado do que o eletrônico, já que pessoas manusearão os papéis. O segundo é que, a cada dois anos, será necessário montar um grande esquema logístico para garantir o transporte e armazenamento seguro dos 148 milhões de votos dos eleitores brasileiros. O terceiro é o risco de judicialização das eleições.
Candidatos derrotados poderão alegar fraude na votação eletrônica para contagem dos votos impressos apenas para fragilizar politicamente os adversários como acontecia na época do voto em cédulas de papel.
Nas eleições de 1994, por exemplo, foram apresentados 8 mil recursos à Justiça Eleitoral.
Urnas são confiáveis
A urna eletrônica passou a ser utilizada nas eleições de 2000 deixando o voto nas cédulas de papel para trás, agilizando o resultado do pleito eleitoral. O Brasil possui um dos sistemas eleitorais mais modernos do mundo.
De tempos em tempos, o Tribunal Superior Eleitoral(TSE) convida políticos, órgãos do poder público e entidades da sociedade civil para acompanhar e fiscalizar a tecnologia. Especialistas em segurança também são chamados a invadir o sistema, caso alguma falhar seja detectada, os técnicos da Justiça buscam corrigir.
Além disso, as urnas não são conectadas à internet o que impossibilita a invasão de hackers via conexão. A urna é lacrada para impedir qualquer inserção de dispositivo estranho, como pen-drive. Se o lacre for violado, o sistema da própria urna denuncia a invasão e bloqueia o dispositivo estranho.
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