Dados do Instituto de Pesquisa Imazon mostram que, durante a pandemia, grileiros e garimpeiros avançaram sobre terras públicas, unidades de conservação e terras indígenas da Amazônia. O levantamento demonstra que o total desmatado no mês de abril é o maior dos últimos dez anos, devastando também terras indígenas. O aumento supera, inclusive, o salto significativo que ocorreu no ano passado, que resultou em uma crise internacional do governo Bolsonaro com países que financiam o Fundo Amazônia e compram do agronegócio do Brasil.
De acordo com dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon, o desmatamento na Amazônia atingiu 529 km² em abril deste ano, um aumento de 171% em comparação com abril do ano passado. Provavelmente, o desmatamento está ligado ao relaxamento da fiscalização do Ministério do Meio Ambiente devido a pandemia do novo coronavírus. Os satélites registraram, ainda, o crescimento da exploração de madeira em Terras Indígenas na Amazônia.
Na opinião do senador amazonense Plínio Valério (PSDB), esses dados demonstram que inescrupulosos estão se aproveitando da atual crise da saúde. “Pessoas sem nenhum pudor se aproveitam. Os fiscais já são poucos, a fiscalização na Amazônia já é pouca e ainda mais com essa questão da pandemia. Pessoas que se aproveitam da desgraça alheia num momento desse, quando deveriam estar colaborando. Isso não tem nada a ver com a política de Governo e com o que a gente quer para a Amazônia. Tem a ver com o pais parado, se cuidando, atravessando a tempestade e esses bandidos se aproveitando da situação”, comentou em entrevista exclusiva ao Portal Projeta.
O senador destacou, ainda, que não é contra a exploração da floresta, mas que acredita que tudo deve ser feito dentro das leis que já existem. “Acho que a gente tem que explorar, sim, um pouco das nossas riquezas. As leis estão aí. O problema todo é a fiscalização, o cumprimento das leis. Eu acredito que daqui para frente é a gente tentar conciliar o ideal com o possível. E acho que nova lei nós não precisamos, a gente precisa de rigor com a lei e cumprimento da fiscalização”, enfatizou
Desmatamento por estados
O estado do Pará voltou ao topo do ranking dos estados que mais desmatam na região, sendo responsável por 32% da área total desflorestada em abril. Na sequência vem Mato Grosso (26%), Rondônia (19%), Amazonas (18%), Roraima (4%) e Acre (1%).
Leia mais:
Plínio Valério questiona Fundo Amazônia: ‘É justo?’
‘Se demarcar mais resolvesse, eu defenderia’, diz Plínio sobre Terras Indígenas
Desmatamento na Amazônia aumenta 51% no primeiro trimestre
Por Cíntia Ferreira, do Portal Projeta