Novo ministro da Justiça, o ex-advogado-geral da União André Luiz de Almeida Mendonça ganhou destaque no noticiário em meados do ano passado, depois que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cogitou a indicação de seu nome ao STF (Supremo Tribunal Federal) e disse que ele se encaixava na definição “terrivelmente evangélico”.
Com 47 anos de idade, 20 deles como advogado da União, Mendonça é pastor da Igreja Presbiteriana Esperança de Brasília — que adota uma linha mais progressista dentro do meio evangélico e evita a abordagem de temas político-partidários em cultos. Nas eleições de 2018, por exemplo, a igreja usou as redes sociais para pregar tolerância numa campanha considerada pelos pastores como “conflituosa e violenta”.
No comando da AGU (Advocacia Geral da União), ele chegou a apresentar uma posição contrária à de seu antecessor no Ministério da Justiça, Sergio Moro. Mendonça defendeu a criação do juiz de garantias, mecanismo criticado pelo ex-ministro.
Em entrevista ao UOL em outubro do ano passado, o novo ministro da Justiça disse que “agora não é hora” de criminalizar as fake news. Filhos de Bolsonaro são investigados por ligação com o compartilhamento de notícias falsas.
Na vida profissional, seu trabalho mais reconhecido, antes de alcançar o posto máximo na AGU — por indicação do atual presidente o STF, Dias Toffoli —, foi no combate à corrupção. Mendonça atuou na negociação de acordos entre União e empreiteiras e outras empresas envolvidas em escândalos com o objetivo de firmar acordos de leniência.
Segundo sua assessoria de imprensa, Mendonça se formou na Faculdade de Direito de Bauru (SP). Ele é doutor e mestre em Direito pela Universidade de Salamanca, na Espanha, e também é pósgraduado em Direito Público pela UnB (Universidade de Brasília).
O novo ministro da Justiça diz ser formado em teologia, apesar de não ter diploma válido pelo MEC (Ministério da Educação) e ocultar essa graduação de seu currículo.
Sem campanha por Bolsonaro e elogio a Lula
Mendonça não fez campanha aberta por Bolsonaro em 2018 — seu perfil nas redes sociais revelava mais entusiasmo com a eleição de Marina Silva, então candidata a presidente pela Rede Sustentabilidade.
Em 2002, o atual ministro da Justiça publicou um artigo simpático à vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no jornal Folha de Londrina, quando era procurador da União na cidade, como noticiou o UOL no ano passado.
Mendonça não citou o nome de Lula, mas disse que o triunfo “enchia os corações do povo de esperanças” e que as urnas haviam revelado “o primeiro presidente eleito do povo e pelo povo”.
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*Reportagem do Uol