Os Impactos da Criação de Búfalos no Amazonas

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Com altos índices de desmatamento e poluição, no Amazonas, as queimadas são motivadas para os rebanhos, em especial dos búfalos. 
Búfalos Amazonas (Foto: Divulgação)

Com altos índices de desmatamento e poluição, o Amazonas registra, baixos índices na qualidade do ar. A capital, Manaus, foi considerada a cidade mais poluída do Brasil e a segunda mais poluída do mundo, de acordo com a plataforma de monitoramento de poluição AQI.

Dados esses motivados pelos focos de queimadas que atingem o entorno da região. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostra que parte desse quadro foi causado pelo deslocamento da fumaça de incêndios florestais nos municípios de Autazes e Careiro.

As queimadas intencionais, que ocorrem nesses municípios, são motivadas para a renovação do pasto para os rebanhos, em especial dos búfalos.

A criação de búfalos no Amazonas

A criação de búfalos no Amazonas coloca em risco terras indígenas no estado, como a Terra Indígena Trincheira, onde está localizado o povo Mura. O povo Mura sobrevive de caça, da pesca e da agricultura de subsistência e, de acordo com eles, o fogo comprometeu o principal meio de subsistência, que têm tido dificuldade em encontrar áreas disponíveis para plantar e colher mandioca e outros alimentos.

A floresta e habitat está dando lugar para as pastagens de búfalos. Em 2021, foram mais de 48.600 focos de alertas de desmatamento, confirmados na floresta primária de Autazes. De 2002 a 2022, Autazes perdeu 67.2 kha de floresta primária úmida.

Já a Aldeia Taquara sofre com a poluição dos rios e igarapés, devido à pecuária. De acordo com a aldeia, a presença dos búfalos, somada à estiagem, contribuem para a poluição da água, pois os animais  passam grande parte do dia em ambiente aquático, onde eliminam urina e fezes.

Impactos ambientais e econômicos da pecuária de búfalos

Os pecuaristas, do Amazonas, em Autazes passaram a apostar nos búfalos, que, de acordo com eles, são mais adaptáveis em relação ao gado convencional e podem fornecer um melhor retorno para o investimento.

Mas os impactos ambientais são significativos e tem afetado, principalmente, as terras indígenas do estado.

Propriedades criadoras de búfalos na região

Dados do IBGE mostram que, em 2020, o Amazonas somava 86.864 cabeças de búfalos, ocupando a 5ª posição como Unidade da Federação com maior número de cabeças (86.864), o que representa 5,8% do total nacional.

Autazes aparece como o 10º município do país com maior efetivo de bubalinos, com 35 mil cabeças ou 2,3% de participação no total do Brasil.

Em 2022, o IBGE traz um quantitativo de 113.557 criações de búfalos na região do Amazonas, sendo Autazes responsável por 45.572.

Criação de Búfalos (Foto: Ana Ionova/Mongabay.)
Criação de Búfalos (Foto: Ana Ionova/Mongabay.)

Conflitos na criação de búfalos no Amazonas

Dentre os conflitos mais conhecidos está entre a Família Maia, detentora das maiores criações de búfalos em Autazes, e o povo Mura.

De acordo com o relatório “Violência Contra Povos Indígenas do Brasil – 2019”, publicado pelo Conselho Indígena Missionário (Cimi), André Maia e seu filho, o ex-vereador Marcelinho Maia, são citados como agressores de indígenas Mura na Terra Indígena Murutinga.

De acordo com o relatório, uma área ocupada pelos indígenas fora da terra indígena foi cercada por André Maia, que impedia o deslocamento dos mesmos, que viviam fora do território homologado.

A expansão da pecuária de búfalos só aprofundou a luta de décadas dos Mura pelos direitos à terra.

Com informações da Gazeta da Amazonia*